CONHECIMENTO PRÉVIO DOS ALUNOS NÃO DEVE SER CONFUNDIDO COM CONTEÚDO JÁ
ENSINADO PELO PROFESSOR
Compreender
a perspectiva pela qual a criança enxerga
o conteúdo é algo que, em muitos casos, só é possível se o professor se
colocar numa posição de observador cuidadoso daquilo que o aluno diz ou faz em
relação ao que está sendo ensinado. Se quiser trabalhar com o modelo de ensino
por resolução de problemas, com uma concepção construtivista da aprendizagem, o
professor precisa ter cuidado para não tornar sinônimos o que o aluno já sabe e
o que já lhe foi ensinado, que não são necessariamente a mesma coisa.
Nesses
casos é importante que desenvolva uma sensibilidade e uma espécie de escuta
para a reflexão que as crianças fazem, supondo que atrás daquilo que pensam há
coisas que têm sentido e que não são fruto da ignorância.
O
conhecimento prévio não costuma ser convencional e arrumadinho. Quando pedimos
que os alunos estabeleçam novas relações em situações ainda não experimentadas,
fica evidente que o conhecimento se constrói de forma aparentemente
desorganizada e apresenta contradições que nem sempre são reconhecidas pelo
aprendiz. Por isso é tão importante, na perspectiva construtivista, diante de
cada novo conteúdo, conhecer o que as crianças já sabem e o que podem produzir
com e sobre estes saberes.
O
professor que pretendia qualificar-se melhor para lidar com a aprendizagem dos
alunos precisa estudar e desenvolver uma postura investigativa. É certo que
quando começamos a ver e reconhecer o movimento de aprendizagem da criança e a
forma como costuma acontecer – mesmo que seja em relação a alguns conteúdos
apenas, isso funciona como uma espécie de alerta. Às vezes não existe
conhecimento disponível sobre a aprendizagem de um determinado conteúdo para
nos ajudar a interpretar o que as crianças fazem. Mesmo assim, se cultivarmos
um olhar cuidadoso, certamente avançaremos com mais cautela, seremos menos
arrogantes. Minha experiência é que a psicogênese da língua escrita abriu esta
possibilidade de o professor olhar para a criança e acreditar que para aprender
ela pensa, que aquilo que ela faz tem lógica e que se eu não enxergo é porque
não tenho instrumentos suficientes para perceber o sentido que está posto. Ali
Muitos,
mesmo não tendo o conhecimento científico que lhes permitisse compreender tudo
o que precisariam, foram ótimos professores pois supriam essa deficiência com
convicções e princípios. O fato de acreditar que os alunos pensam, que são
capazes, é fundamental para que eles progridam, pois nos leva a respeitá-los e
apoiá-los.
Texto retirado da Internet:
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