sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Paulo Freire





" A creditamos que a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda.
Se a nossa opção é progressiva, se estamos a favor da vida e não da morte, da equidade e não da injustiça, do direito e não do arbítrio, da convivência com o diferente
e não de sua negação, não temos outro caminho se não viver a nossa opção.
Encarná-la, diminuindo, assim, a distância entre o que dizemos e o que fazemos"

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Os dez mais da literatura brasileira


Os dez escritores brasileiros mais admirados pelos leitores *
1)    Monteiro Lobato
2)    Paulo Coelho
3)    Jorge Amado
4)    Machado de Assis
5)    Vinícius de Moraes
6)    Cecília Meireles
7)    Carlos Drummond de Andrade
8)    Érico Veríssimo
9)    José de Alencar
10)  Maurício de Souza

Os dez livros mais importantes na vida dos leitores *
1)    Bíblia
2)    O Sítio do Pica-Pau Amarelo
3)    Chapeuzinho Vermelho
4)    Harry Potter
5)    Pequeno Príncipe
6)    Os Três Porquinhos
7)    Dom Casmurro
8)    A Branca de Neve
9)    Violetas na Janela
10)  O Alquimista

Fonte: http://www.webartigos.com/articles//html

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Cantinho da Leitura



O cantinho da leitura desperta o interesse no aluno em ler.

O “cantinho da leitura” é um assunto que muitos professores da educação infantil já ouviram falar ou adotaram em sala de aula.

Como o próprio nome já diz, o cantinho da leitura é um lugar reservado à leitura de contos, de gibis, de revistas, além de livros de pintura, de desenho, dentre outros.

É importante que o professor convide os alunos a participar do cantinho pelo menos três vezes por semana, a fim de criar um hábito de interesse na criança. Além disso, é fundamental que o educador forme esse ambiente com a ajuda dos seus alunos, para que desde o início haja uma interação com o local e também entre professor-aluno e aluno-aluno.

Se houver espaço e meios, o professor pode colocar almofadas no local ou puffs. Dessa forma, os alunos se sentirão mais a vontade, o que produzirá um desbloqueio à leitura. O cantinho da leitura será encarado como um momento para relaxar, e os alunos estarão aprendendo sem que percebam.

O cantinho da leitura é importante desde o maternal, porque mesmo que a criança ainda não saiba ler, o aspecto visual chamará sua atenção e produzirá uma leitura óptica, ainda mais se for de um livro que o professor já tenha lido em sala. O consciente do aluno trará a história à sua memória e ele poderá contá-la através das imagens.

No final do momento destinado à leitura, o educador pode convidar dois ou três alunos para contar a história que leu.

Essa atividade produzirá hábito de leitura, interação entre os alunos, aprendizado coletivo, respeito (silêncio quando o colega estiver lendo ou contando a história), noção de tempo (há tempo para brincadeiras, há tempo para relaxar, para ler, para conversar, etc.).

Fonte:http://educador.brasilescola.com  
 Sabrina Vilarinho Graduada em Letras Equipe Brasil Escola

terça-feira, 28 de agosto de 2012

O imenso lápis vermelho


Por Fanny Abramovich*

Para Paulo Freire,verdadeiro mestre e estrela-guia.

Penso no meu depoimento. Escrever algumas páginas sobre o meu professor
inesquecível. Sinto cócegas, revejo cicatrizes. Reflito, recordo, seleciono. Faço recortes e colagens de fotografias que a memória atiça e traz à tona. Flashes e mais flashes pipocando. Rodopios.
Lembrei, revi, me revi em várias fases de minha vida escolar. Sorri com algumas recordações, me espantei com outras. Percebi que sabia o nome e visualizava a figura de todas as que me ensinaram no pré e no primário. No ginásio, já não afluíam tão facilmente. Muitos professores, de muitas matérias, de muitas escolas (mudei várias vezes de escola durante o meu período de aprendizagem regular. Em geral, por puro fastio e canseira). Figuras meio enevoadas, embaçadas, se misturando e se mesclando nas cirandas de cobranças.
Do normal e do cursinho, só alguns. E forçando muito a memória. A escola,
decididamente, já não era o eixo da minha vida. Da Faculdade de Pedagogia da USP recordo todos. Não com nome e sobrenome. Suas características marcantes ressurgiram com nitidez, sem sombras (provavelmente por terem sido poucos e as brigas muitas), nem sempre acompanhadas de elogios ou saudades. Honestamente, sem entusiasmo ,constatando que deixaram poucas marcas em mim. Também, eles não eram meu mundo.
Explicadores de visões de mundo. Tacanhas ou fragmentadas e reacionárias para minhas convicções políticas da época. E com pouca sustentação teórica na minha já alentada prática diária de professora, coordenadora, orientadora. Estimulantes para o atrito, para a polêmica ou invenção de jeitos de infernizar suas vidas. Verdade verdadeira, poucos somaram. Nesse período, minhas fontes de aprendizagem eram a política estudantil e partidária, os grupos de teatro, os festivais de cinema europeu, o trabalho exigente e cobrante, os namorados, as leituras infindas, as conferências sobre qualquer assunto embasbacando e questionando, a Biblioteca Municipal abrindo o mundo… Tudo muito mais fumegante e atiçador do que as medíocres e pretensiosas aulas do curso de Pedagogia.
Como eleger o inesquecível? O professor Roque Spencer Maciel de Barros,
reacionário respeitador das convicções alheias e que me ensinou a fazer estudos monográficos da obra de Rousseau na faculdade de Pedagogia?? Tia Arminda, que desde o pré-primário nunca esqueceu o dia dos meus anos e me telefonava alegremente para dar um beijo, durante décadas?? Dona Nicota, que me alfabetizou com o mesmo método e cartilha que tinha usado com meu pai, demonstrando cabalmente como era inquieta e buscante???
O professor Jofre, do ginásio, que me enlouqueceu com equações de segundo grau que nunca consegui entender a que vinham, pra que serviam e por que existiam??
Dona Eneida, a temida, que exigia teoremas na ponta da língua, incompreensíveis e causadores de colite pubertária??? O professor Benjamim, na escola normal, que insistia em que se desenhassem – na lousa – coqueiros e jangadas, árvores frondosas e ondas do mar, em plena São Paulo desvairada, jurando que era pedagógico??? A professora de Latim (de quem não lembro mais o nome) exigindo a cantilena do rosa, rosae, rosam e do qui, quae, quod… conosco ninguém pode… Ou o professor de Desenho Geométrico querendo o uso dominado dos compassos e transferidores, com tinta nanquim e caneta de pena, para resolver problemas que eu não fazia a menor ideia do que tratavam, provocando paralisia motora e mental simultânea e inconteste sujeira nas imaculadas blusas brancas do uniforme??
O professor Saraiva, de Geografia, no ginásio, por quem nutri uma paixão
avassaladora e definitiva e por quem desenhava mapas completos cobertos com raspa de lápis colorido embebido em algodão?? Amor que traí na série seguinte, suspirando pelo Lourenço, jovem e atlético monitor do laboratório de Ciências??? Alguns senhores completamente gagás, que falavam sobre o nada durante horas, cuspindo palavras – latu sensu – em nossas irritadas faces?? Dona Ary, do admissão, que tinha nome de homem e portava um bigodinho fino, mui estranho??? A fofoqueira dona Maria Alice, que ministrava Trabalhos Manuais e que queria saber da vida de alguns artistas de teatro e televisão que eu conhecia (mas não tanto quanto inventava para seu gáudio, espanto e profundo prazer…)??? O professor Messias, desfilando sempre com um espantoso e apertado paletó xadrez, ensinante do idioma anglo com pronúncia de Tatuí, que até hoje martela sofridamente em meus ouvidos??? Dizia silaba da mente e sem constrangimento algum: Ai si shi iesterdi… Juro, I never forget…
O professor Severo – nunca um nome foi mais justo –, crente de que a Estatística era a única medida pra exata e plena compreensão do universo e que oferecia anos ao seu lado, mandando tantas vezes pra dependência quantas julgasse necessárias, até que esse instrumento básico do conhecimento pedagógico fosse dominado??? (Sem ter sido nenhum somatório em nível nenhum.) Dona Carolina Bori, inteligente, eficiente, ampliando nossas inquietudes e fazendo mergulhar nos mistérios da Psicologia Dinâmica??? O professor Antônio Cândido, cujas aulas segui como ouvinte, com volúpia insaciável e total arrebatamento?? Dona Mariinha Werebe, convicta da certitude da orientação educacional e abridora pras leituras minuciosas e ideologicamente corretas, ampliando sempre o limite da sala de aula e nos fazendo andarilhar pelo universo da educação compromissada com a transformação do homem e do sistema??
Não, não foi nenhum deles. De alguns me lembro pela cordialidade, disponibilidade, de outros pela presença entusiasmada ou risonha. Outros me divertiram pela
incompetência e burrice espantosas. Alguns por ser capazes e amantes de seu ofício e estimuladores de um mergulho mais intenso e mexetivo na sua matéria. Registros afetivos, aplauditivos, afastativos. Traços da fisionomia, contornos não de todo claros, sublinhação de uma ou mais características. Com distanciamento ou muito afeto. De modo intenso ou com intensas e vividas saudades. De poucos, muitos, com imensa ternura e derramada amorosidade.
Para lembrar com as evocações nítidas dos sentimentos que me provocou e ter como parâmetro por décadas, elejo dona Linda. Assim, sem sobrenome. Será que as professoras das primeiras séries tinham sobrenome??? Ela foi minha professora no terceiro ano primário.
Fui sua aluna no Colégio Batista Brasileiro, em Perdizes, bairro de São Paulo, onde freqüentava o semi-internato. Lá, maravilhada com os belos bosques, com a magia do flanelógrafo, com a diversidade apetitosa e convidativa da cantina, com o galpão enorme destinado a jogar queimada, com a portinhola escondida na rua lateral por onde se entrava para as aulas, com a imponente e bela escadaria da frente, com a biblioteca vasta, as inúmeras saletas com piano, os cultos protestantes e seus hinos glorificadores, eu, menina judia, passeava por esse mundo durante todo o dia. Absolutamente fascinada!
Na classe mista, meninos e meninas impecavelmente uniformizados, limpos,
alvejantes, com toda a vastidão do material escolar facilmente encontrável (segundos para localizar o que a mestra exigia…), viviam experiências pedagógicas marcantes com dona Linda.
Pra mim, ela era uma mulher enorme, de tamanho descomunal, gordíssima, quase um gigante… Não sei se era bonita ou feia para os padrões da época. Guardo a imagem dum rosto severo e de cabelos enrolados num coque. Roupa neutra, sem originalidade embasbacante nem marca pessoal. Tão uniformizada quanto nós. Que idade teria??? Não faço ideia… Pra mim, era velha. Talvez fosse uma garota recém-formada… Brava, sem sorrisos, incapaz dum gesto carinhoso ou dum afago especial. Durona, mal-humorada, seca são os primeiros adjetivos que me ocorrem. Não me vem nenhuma imagem cálida, aconchegante, chamante.
Dona Linda enfatizava o aprendizado da dedo-duragem. Quando saía da classe, escolhia um dos alunos para ir ao quadro-negro, onde deveria marcar com todas as letras o nome de qualquer colega que piscasse ou se mexesse. E anotar quantas vezes esses atos atentatórios eram cometidos, contabilizando risquinhos e mais risquinhos. Registro absoluto da infração. Esse poder sobre toda a classe, por minutos que pareciam séculos, era conferido ao aluno como forma de apreço e consideração. Isto é, o bom estudante merecia controlar toda a classe, trair os amigos e até colocar os desafetos em dia. Tornava-se uma figura tão ameaçadora quanto a professora ausente. Claro, autoridade de plantão não pode ser contestada.
Tinha, obviamente, a verdade ao seu lado e o direito de fazer justiça e ser
participante da punição. Dona Linda não era muito versada em sentimentos de culpa.
Ela também possuía uma fé inabalável no processo de limpar a boca. Literalmente.
Ouvindo um palavrão (o que poderia se dizer na época e nesse espaço cristão??) ou algo considerado, por ela, como não pronunciável, imediatamente se munia de água e sabão para que o orador mudasse seu repertório verbal e retirasse tal vocábulo de sua boca…
Se não produzisse o efeito radical desejado, à água era somado algum remédio, líquido, pimenta ou condimento de sabor intolerável e a partir daí… silêncio ou gagueira. Sem meias medidas para o que lhe desagradasse. Rapidez na ação e certeza convicta das reações. Nenhuma dúvida ou questionamento sobre os possíveis efeitos colaterais…
O instrumento de trabalho favorito de dona Linda era um imenso lápis vermelho ,todo-poderoso, que sublinhava erros do ditado ou da cópia, anunciava desacertos nas respostas dos questionários, riscava soluções de problemas de aritmética, exigia repetição infinita de equívocos cometidos até a resposta única e certa ser incorporada… Vez ou outra, elogiava, mas sem muito entusiasmo nem eloqüência. Terrorífico!!! Passados tantos anos, ainda sinto calafrios com a lembrança desse lápis inclemente. Capaz de apontar para exercícios extras na hora do recreio, o dobro de lição de casa, ficar sozinho na imensa escola até terminar tudo, copiar vinte vezes a grafia correta de cada palavra escrita de modo errado e outras alternativas lúdicas e estimulantes para qualquer criança.
Fervorosa entusiasta da compreensão do desvio através da repetição sucessiva, propunha– não brandamente – que se escrevessem cem vezes, sem aspas e obviamente sem carbono (existiria na época?), juramentos como: “Nunca mais falarei quando não for perguntado”, “Nunca mais falarei um palavrão”, “Nunca mais assoprarei a resposta para o colega” e outras variações sobre o tema. As palavras certamente não seriam essas. Mas o espírito, sim. Solidariedade e espontaneidade não faziam parte dos compêndios pedagógicos nos quais se baseava dona Linda.
Muito menos fazia idéia de quando se forma a noção do nunca…
Seus lemas: Punição sempre! Na dúvida, vá ficar de castigo! Repetição de qualquer informação até sabê-la de cor, sem hesitações nem paradas indicativas de alguma incerteza.
Consideração para com os melhores alunos e expectativa de puxa-saquismo da parte deles. Risadas, só fora da classe. Isso, na época em que se dizia que a escola era risonha e franca… Seguramente, não com ela.
Dona Linda era uma sádica de plantão permanente. Sem disfarces nem nuances.
Sem atenuantes. As quatro horas de aula diárias com ela eram sufoco completo. Sem pausa para respirar, da entrada à saída. Vivia no medo permanente de uma reação momentânea sua, das possibilidades infinitas do depois. Pouco imaginativa, repetia os castigos. Comprazia-se em antecipar que eles viriam. Era só aguardar. Os alunos, em estado de taquicardia permanente.
Lembro mal as informações escolares que recebi de dona Linda (e eu era uma das melhores alunas da turma). Sei que tudo era decorado. Afluentes de cada margem do rio Amazonas, paradas em cada cidade de todas as linhas ferroviárias do Estado de São Paulo, nome de capitais de remotos e inlocalizáveis países, datas de momentos históricos ditos relevantes, máximo divisor comum, mínimo múltiplo comum, coletivos de substantivos…
Tudo fundamental e cristalino para a curiosidade duma garota de 9 anos de idade, vivendo na capital. Não me lembro de histórias comoventes (só as contadas pelo pastor Enéas Tognini nos cultos diários), de cantorias desvairadas, de brincadeiras descompromissadas, de gostosuras envolventes. Não havia surpresas, tenho certeza. Monótona e previsível rotina de cinco dias por semana durante todo um ano.
E as sabatinas??? Provocadoras de insônia precoce, de tensão muscular. Exasperação nervosa, pavor de não corresponder às expectativas. Muito pior, a chamada repentina para dar uma resposta breve, impessoal e correta ao tópico em questão. Em voz alta, de pé, perfilada ao lado da carteira. Sem direito a dúvidas nem hesitações. Tinha que ser igualzinho ao escrito no livro usado e no caderno ditado e copiado. Paralisia momentânea ,puxada na barra da saia e nas escorregadias meias soquete, suor frio e surto de mudez.
Lembro que, com ela, vivia a rigidez, a dureza, a cobrança permanente. E o
medo!!! Que toda a alegria da minha idade, do espaço encantado do colégio, só era vivida no recreio, nunquinha em sala de aula. Que a soltura dos jogos no bosque, no pátio se contrapunha à fila permanente da classe: para entrar, pra saudar quem quer que fosse, pra lhe dizer bom-dia, pra responder argüições, pra sair… Até para ir ao banheiro, só com autorização especial sua. Estado de continência e de alerta
permanente. Estilo militar à risca. Dona Linda me deixou a marca da déspota não-esclarecida. Daquelas que têm e detêm o poder pelo poder. Não como demonstração de experiência, de clareza, de levar a classe a efetivar uma proposta… Nada disso. A sua autoridade como demonstração permanente de força e de controle, mesmo quando estivesse distante da sala, dos alunos.
Um único critério e uma única regra do jogo: AQUI QUEM MANDA SOU EU, não importa se com ou sem razão, por que ou pra que… Vale mais meu berro do que uma discussão.
Vale mais meu lápis vermelho do que outro jeito de resolver o problema, mesmo que a resposta final esteja certa. Arrepiante!!
Eu adorava o Colégio Batista Brasileiro. Saí de lá quando terminei o primário e voltei, alguns anos depois, para concluir o normal. Qual não foi o meu espanto quando,numa manhã, dei de cara, num dos corredores, com uma mulher pequena, nem magra nem gorda, nem velha nem jovem, que me cumprimentou sorridente. Não tinha ideia de quem fosse. Era dona Linda, destituída do tamanho-do-medo. Foi aí que compreendi o que significava a proporção afetiva para a criança: os objetos, as pessoas, os lugares têm o tamanho da sua importância e significado interno e nunca a sua dimensão real, concreta,exata, objetiva.
Eu, menina judia, tive o meu primeiro contato com a onipresença e com a
onisciência através de dona Linda. Foi difícil ao pastor tentar me explicar esses atributos divinos de outra forma…
Quando comecei a dar aulas para crianças. Busquei vários caminhos. Quis
momentos divertidos, alegres, cheios de surpresas. Quis momentos organizados,concentrados, produtivos. Quis que vivessem, experimentassem, sentissem gostosuras e importâncias. Que se encantassem, que crescessem. Quis ter um relacionamento aberto,poroso, ser respeitada. Não sabia como, claro… Mas lá no fundinho intuía que não seria – jamais – pelas vias, atalhos e pontes de dona Linda. Com ela aprendi, claramente, como não queria ser. Nem remotamente. Pra nenhum aluno. Nunca. Foi meu modelo, meu paradigma.
Atenção!!! Cuidado!!! Olha o olho, o lápis vermelho, o berro de dona Linda. Quando escorregava, sabia por quê. Até a pele reagia. A garganta diminuía a intensidade do grito, o olhar se abrandava, o sorriso vinha e se transformava em sonora gargalhada. Funcionou. Fui cúmplice e não carrasca de meus alunos.
E como é bom, gostoso, encontrar nas madrugadas da vida os hoje adultos que foram meus alunos quando pequenos me olhando com olhos piscando como crianças, baita sorriso aberto, abração apertado e comovido e ainda certa cumplicidade no ar a me dizer: “Oi,Fannyzinha. E aí? Tudo bem??”. Suspiro aliviada. Contentona. Plena. Aprendi mesmo!!! Consegui não ser dona Linda. Amém!!!

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

A importância da leitura



A melhor forma de obter conhecimento é cercar-se de bons livros
As tecnologias do mundo moderno fizeram com que as pessoas deixassem a leitura de livros de lado, o que resultou em jovens cada vez mais desinteressados pelos livros, possuindo vocabulários cada vez mais pobres.

A leitura é algo crucial para a aprendizagem do ser humano, pois é através dela que podemos enriquecer nosso vocabulário, obter conhecimento, dinamizar o raciocínio e a interpretação. Muitas pessoas dizem não ter paciência para ler um livro, no entanto isso acontece por falta de hábito, pois se a leitura fosse um hábito as pessoas saberiam apreciar uma boa obra literária, por exemplo.

Muitas coisas que aprendemos na escola são esquecidas com o tempo, pois não as praticamos. Através da leitura rotineira, tais conhecimentos se fixariam de forma a não serem esquecidos posteriormente. Dúvidas que temos ao escrever poderiam ser sanadas pelo hábito de ler; e talvez nem as teríamos, pois a leitura torna nosso conhecimento mais amplo e diversificado.

Durante a leitura descobrimos um mundo novo, cheio de coisas desconhecidas.
O hábito de ler deve ser estimulado na infância, para que o indivíduo aprenda desde pequeno que ler é algo importante e prazeroso, assim ele será um adulto culto, dinâmico e perspicaz. Saber ler e compreender o que os outros dizem nos difere dos animais irracionais, pois comer, beber e dormir até eles sabem; é a leitura, no entanto, que proporciona a capacidade de interpretação.
Toda escola, particular ou pública, deve fornecer uma educação de qualidade incentivando a leitura, pois dessa forma a população se torna mais informada e crítica.

 Fonte:  http://www.brasilescola.com                   autora: Eliene Percilia

domingo, 26 de agosto de 2012

Célestin Freinet


"A democracia de amanhã se prepara na democracia da escola"

"Se não encontrarmos respostas adequadas a todas as questões sobre educação, continuaremos a forjar almas de escravos em nossos filhos"

O educador francês desenvolveu atividades hoje comuns, como as aulas-passeio e jornal de classe, e criou um projeto de escola moderna e democrática.


Célestin Freinet nasceu em 1896 em Gars, povoado na região da Provence, sul da França. Foi pastor de rebanhos antes de começar a cursar o magistério. Lutou na Primeira Guerra Mundial em 1914, quando os gases tóxicos do campo de batalha afetaram seus pulmões para o resto da vida. Em 1920, começou a lecionar na aldeia de Bar-sur-Loup, onde pôs em prática alguns de seus principais experimentos, como a aula-passeio e o livro da vida. Em 1925, filiou-se ao Partido Comunista Francês. Dois anos depois, fundou a Cooperativa do Ensino Leigo, para desenvolvimento e intercâmbio de novos instrumentos pedagógicos. Em 1928, já casado com Élise Freinet (que se tornaria sua parceira e divulgadora), mudou-se para Saint-Paul de Vence, iniciando intensa atividade. Cinco anos depois, foi exonerado do cargo de professor. Em 1935, o casal Freinet construiu uma escola própria em Vence. Durante a Segunda Guerra, o educador foi preso e adoeceu num campo de concentração alemão. Libertado depois de um ano, aderiu à resistência francesa ao nazismo. Recobrada a paz, Freinet reorganizou a escola e a cooperativa em Vence. Em 1956, liderou a vitoriosa campanha 25 Alunos por Classe.
No ano seguinte, os seguidores de Freinet fundaram a Federação Internacional dos Movimentos da Escola Moderna (Fimem), que hoje reúne educadores de cerca de 40 países. Freinet morreu em 1966.

Muitos dos conceitos e atividades escolares idealizados pelo pedagogo francês Célestin Freinet se tornaram tão difundidos que há educadores que os utilizam sem nunca ter ouvido falar no autor. É o caso das aulas-passeio (ou estudos de campo), dos cantinhos pedagógicos e da troca de correspondência entre escolas. Não é necessário conhecer a fundo a obra de Freinet para fazer bom uso desses recursos, mas entender a teoria que motivou sua criação deverá possibilitar sua aplicação integrada e torná-los mais férteis.

Freinet se inscreve, historicamente, entre os educadores identificados com a corrente da Escola Nova, que, nas primeiras décadas do século 20, se insurgiu contra o ensino tradicionalista, centrado no professor e na cultura enciclopédica, propondo em seu lugar uma educação ativa em torno do aluno. O pedagogo francês somou ao ideário dos escolanovistas uma visão marxista e popular tanto da organização da rede de ensino como do aprendizado em si. "Freinet sempre acreditou que é preciso transformar a escola por dentro, pois é exatamente ali que se manifestam as contradições sociais", diz Rosa Maria Whitaker Sampaio, coordenadora do pólo São Paulo da Federação Internacional dos Movimentos da Escola Moderna (Fimem), que congrega seguidores de Freinet.

Na teoria do educador francês, o trabalho e a cooperação vêm em primeiro plano, a ponto de ele defender, em contraste com outros pedagogos, incluindo os da Escola Nova, que "não é o jogo que é natural da criança, mas sim o trabalho". Seu objetivo declarado é criar uma "escola do povo".

Importância do êxito

Não foi por acaso que Freinet criou uma pedagogia do trabalho. Para ele, a atividade é o que orienta a prática escolar e o objetivo final da educação é formar cidadãos para o trabalho livre e criativo, capaz de dominar e transformar o meio e emancipar quem o exerce. Um dos deveres do professor, segundo Freinet, é criar uma atmosfera laboriosa na escola, de modo a estimular as crianças a fazer experiências, procurar respostas para suas necessidades e inquietações, ajudando e sendo ajudadas por seus colegas e buscando no professor alguém que organize o trabalho.

Outra função primordial do professor, segundo Freinet, é colaborar ao máximo para o êxito de todos os alunos. Diferentemente da maioria dos pedagogos modernos, o educador francês não via valor didático no erro. Ele acreditava que o fracasso desequilibra e desmotiva o aluno, por isso o professor deve ajudá-lo a superar o erro. "Freinet descobriu que a forma mais profunda de aprendizado é o envolvimento afetivo", diz Rosa Sampaio.

Ao lado da pedagogia do trabalho e da pedagogia do êxito, Freinet propôs, finalmente, uma pedagogia do bom senso, pela qual a aprendizagem resulta de uma relação dialética entre ação e pensamento, ou teoria e prática. O professor se pauta por uma atitude orientada tanto pela psicologia quanto pela pedagogia - assim, o histórico pessoal do aluno interage com os conhecimentos novos e essa relação constrói seu futuro na sociedade.

Livre expressão

Esse aspecto muito particular que atribuía ao aprendizado de cada criança é a razão de Freinet não ter criado um método pedagógico rígido, nem uma teoria propriamente científica. Mesmo assim, seu entendimento sobre os mecanismos do aprendizado mereceu elogios do biólogo suíço Jean Piaget (1896-1980), cuja teoria do conhecimento se baseou em minuciosa observação científica.

Freinet dedicou a vida a elaborar técnicas de ensino que funcionam como canais da livre expressão e da atividade cooperativa, com o objetivo de criar uma nova educação. Lançou-se a essa tarefa por considerar a escola de seu tempo uma instituição alienada da vida e da família, feita de dogmas e de acumulação estéril de informação - e, além disso, em geral a serviço apenas das elites. "Freinet colocou professor e alunos no mesmo nível de igualdade e camaradagem", diz Rosa Sampaio. O educador não se opunha, porém, às aulas teóricas. A primeira das novas técnicas didáticas desenvolvidas por Freinet foi a aula-passeio, que nasceu justamente da observação de que as crianças para quem lecionava, que se comportavam tão vividamente quando ao ar livre, pareciam desinteressadas dentro da escola. Uma segunda criação célebre, a imprensa na escola, respondeu à necessidade de eliminar a distância entre alunos e professores e de trazer para a classe a vida "lá fora". "É necessário fazer nossos filhos viver em república desde a escola", escreveu Freinet.

A pedagogia de Freinet se fundamenta em quatro eixos: a cooperação (para construir o conhecimento comunitariamente), a comunicação (para formalizá-lo, transmiti-lo e divulgá-lo), a documentação, com o chamado livro da vida (para registro diário dos fatos históricos), e a afetividade (como vínculo entre as pessoas e delas com o conhecimento).

Cooperação sim, manuais não

Com a intenção de propor uma reforma geral no ensino francês, Freinet reuniu suas experiências didáticas num sistema que denominou Escola Moderna. Entre as principais "técnicas Freinet" estão a correspondência entre escolas (para que os alunos possam não apenas escrever, mas ser lidos), os jornais de classe (mural, falado e impresso), o texto livre (nascido do estímulo para que os alunos registrem por escrito suas idéias, vivências e histórias), a cooperativa escolar, o contato freqüente com os pais (Freinet defendia que a escola deveria ser extensão da família) e os planos de trabalho. O pedagogo era contrário ao uso de manuais em sala de aula, sobretudo as cartilhas, por considerá-los genéricos e alheios às necessidades de expressão das crianças. Defendia que os alunos fossem em busca do conhecimento de que necessitassem em bibliotecas (que deveriam existir na própria escola) e que confeccionassem fichários de consulta e de autocorreção (para exercícios de Matemática, por exemplo). Para Freinet, todo conhecimento é fruto do que chamou de tateamento experimental - a atividade de formular hipóteses e testar sua validade - e cabe à escola proporcionar essa possibilidade a toda criança.

Para pensar

A utilização de técnicas desenvolvidas por Freinet, em particular as aulas-passeio e os cantinhos temáticos na sala de aula, não significam por si só que o professor adotou uma prática freinetiana. É preciso lembrar que o educador francês criou tais recursos para atingir um objetivo maior, que é o despertar, nas crianças, de uma consciência de seu meio, incluindo os aspectos sociais, e de sua história. Quando você promove atividades em sua escola, costuma ter consciência de como elas se inserem num plano pedagógico mais amplo?

Fonte:http://educarparacrescer.abril.com.br  autor: Márcio Ferrari 01/07/2011

sábado, 25 de agosto de 2012

Conversa com Educadores

O estudo da gramática não faz poetas. 
O estudo da harmonia não faz compositores. 
O estudo da psicologia não faz pessoas equilibradas. 
O estudo das "ciências da educação" não faz educadores. 
Educadores não podem ser produzidos. Educadores nascem. 
O que se pode fazer é ajudá-los a nascer. 
Para isso eu falo e escrevo: para que eles tenham coragem de nascer. Quero educar os educadores. E isso me dá grande prazer porque não existe coisa mais importante que educar. 
Pela educação o indivíduo se torna mais apto para viver: aprende a pensar e a resolver os problemas práticos da vida. 
Pela educação ele se torna mais sensível e mais rico interiormente, o que faz dele uma pessoa mais bonita, mais feliz e mais capaz de conviver com os outros. 
A maioria dos problemas da sociedade se resolveria se os indivíduos tivessem aprendido a pensar. Por não saber pensar tomamos as decisões políticas que não deveríamos tomar. Se você desejar saber com detalhes o que penso sobre a educação, leia os livros que se encontram na sala Biblioteca. 
Nas minhas conversas com educadores meus temas favoritos são: A alegria de ensinar, A educação dos sentidos, O prazer de ler, A arte de pensar, O educador como sedutor, O educador como feiticeiro, O educador como artista, O educador como cozinheiro, As leis do pensar criativo, Anatomia do pensamento: informação, razão, inteligência, conhecimento, alegria, Aprendendo a desaprender, Entre a ciência e sabedoria: o dilema da educação, Educação e política, Educação e Vida, Aprendizagem e prazer.

Leia o artigo Como amar uma criança sobre o educador Janusz Korczak, que se tornou um símbolo pelo seu amor às crianças. Diretor de um orfanato em Varsóvia, foi morto pelos nazistas com suas crianças numa câmara de gás. Tradução de Manoel Moraes.

                                                                                        Rubem Alves

Fonte: http://www.rubemalves.com.br

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Henri Paul Hyacinthe Wallon e a Educação



“A criança responde às impressões que as coisas lhe causam com gestos dirigidos a elas”

“O indivíduo é social não como resultado de circunstâncias externas, mas em virtude de uma necessidade interna”


Henri Paul Hyacinthe Wallon nasceu em Paris, França, em 1879. Graduou-se em medicina e psicologia. Fez também filosofia. Atuou como médico na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), ajudando a cuidar de pessoas com distúrbios psiquiátricos. Em 1925, criou um laboratório de psicologia biológica da criança. Quatro anos mais tarde, tornou-se professor da Universidade Sorbonne e vice-presidente do Grupo Francês de Educação Nova – instituição que ajudou a revolucionar o sistema de ensino daquele país e da qual foi presidente de 1946 até morrer, também em Paris, em 1962. Ao longo de toda a vida, dedicou-se a conhecer a infância e os caminhos da inteligência nas crianças.
Militante de esquerda, participou das forças de resistência contra
Adolf Hitler e foi perseguido pela Gestapo (a polícia política nazista) durante a Segunda Guerra (1939-1945). Em 1947, propôs mudanças estruturais no sistema educacional francês. Coordenou o projeto Reforma do Ensino, conhecido como Langevin-Wallon – conjunto de propostas equivalente à nossa Lei de Diretrizes e Bases. Nele, por exemplo, está escrito que nenhum aluno deve ser reprovado numa avaliação escolar. Em 1948, lançou a revista Enfance, que serviria de plataforma de novas idéias no mundo da educação – e que rapidamente se transformou numa espécie de bíblia para pesquisadores e professores.

Falar que a escola deve proporcionar formação integral (intelectual, afetiva e social) às crianças é comum hoje em dia. No início do século passado, porém, essa idéia foi uma verdadeira revolução no ensino. Uma revolução comandada por um médico, psicólogo e filósofo francês chamado Henri Wallon. Sua teoria pedagógica, que diz que o desenvolvimento intelectual envolve muito mais do que um simples cérebro, abalou as convicções numa época em que memória e erudição eram o máximo em termos de construção do conhecimento.

Wallon foi o primeiro a levar não só o corpo da criança mas também suas emoções para dentro da sala de aula. Fundamentou suas idéias em quatro elementos básicos que se comunicam o tempo todo: a afetividade, o movimento, a inteligência e a formação do eu como pessoa. Militante apaixonado (tanto na política como na educação), dizia que reprovar é sinônimo de expulsar, negar, excluir. Ou seja, “a própria negação do ensino”.

As emoções, para Wallon, têm papel preponderante no desenvolvimento da pessoa. É por meio delas que o aluno exterioriza seus desejos e suas vontades. Em geral são manifestações que expressam um universo importante e perceptível, mas pouco estimulado pelos modelos tradicionais de ensino.

Afetividade

As transformações fisiológicas em uma criança (ou, nas palavras de Wallon, em seu sistema neurovegetativo) revelam traços importantes de caráter e personalidade. “A emoção é altamente orgânica, altera a respiração, os batimentos cardíacos e até o tônus muscular, tem momentos de tensão e distensão que ajudam o ser humano a se conhecer”, explica Heloysa Dantas, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), estudiosa da obra de Wallon há 20 anos. Segundo ela, a raiva, a alegria, o medo, a tristeza e os sentimentos mais profundos ganham função relevante na relação da criança com o meio. “A emoção causa impacto no outro e tende a se propagar no meio social”, completa a pedagoga Izabel Galvão, também da USP. Ela diz que a afetividade é um dos principais elementos do desenvolvimento humano. 

Movimento

Segundo a teoria de Wallon, as emoções dependem fundamentalmente da organização dos espaços para se manifestarem. A motricidade, portanto, tem caráter pedagógico tanto pela qualidade do gesto e do movimento quanto por sua representação. Por que, então, a disposição do espaço não pode ser diferente? Não é o caso de quebrar a rigidez e a imobilidade adaptando a sala de aula para que as crianças possam se movimentar mais? Mais que isso, que tipo de material é disponibilizado para os alunos numa atividade lúdica ou pedagógica? Conforme as idéias de Wallon, a escola infelizmente insiste em imobilizar a criança numa carteira, limitando justamente a fluidez das emoções e do pensamento, tão necessária para o desenvolvimento completo da pessoa.

Estudos realizados por Wallon com crianças entre 6 e 9 anos mostram que o desenvolvimento da inteligência depende essencialmente de como cada uma faz as diferenciações com a realidade exterior. Primeiro porque, ao mesmo tempo, suas idéias são lineares e se misturam – ocasionando um conflito permanente entre dois mundos, o interior, povoado de sonhos e fantasias, e o real, cheio de símbolos, códigos e valores sociais e culturais.

Nesse conflito entre situações antagônicas ganha sempre a criança. É na solução dos confrontos que a inteligência evolui. Wallon diz que o sincretismo (mistura de idéias num mesmo plano), bastante comum nessa fase, é fator determinante para o desenvolvimento intelectual. Daí se estabelece um ciclo constante de boas e novas descobertas.

O eu e o outro

A construção do eu na teoria de Wallon depende essencialmente do outro. Seja para ser referência, seja para ser negado. Principalmente a partir do instante em que a criança começa a viver a chamada crise de oposição, em que a negação do outro funciona como uma espécie de instrumento de descoberta de si própria. Isso se dá aos 3 anos de idade, a hora de saber que “eu” sou. “Manipulação (agredir ou se jogar no chão para alcançar o objetivo), sedução (fazer chantagem emocional com pais e professores) e imitação do outro são características comuns nessa fase”, diz a professora Angela Bretas, da Escola de Educação Física da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. “Até mesmo a dor, o ódio e o sofrimento são elementos estimuladores da construção do eu”, emenda Heloysa Dantas. Isso justifica o espírito crítico da teoria walloniana aos modelos convencionais de educação.

Wallon na escola: humanizar a inteligência

Diferentemente dos métodos tradicionais (que priorizam a inteligência e o desempenho em sala de aula), a proposta walloniana põe o desenvolvimento intelectual dentro de uma cultura mais humanizada. A abordagem é sempre a de considerar a pessoa como um todo. Elementos como afetividade, emoções, movimento e espaço físico se encontram num mesmo plano. As atividades pedagógicas e os objetos, assim, devem ser trabalhados de formas variadas. Numa sala de leitura, por exemplo, a criança pode ficar sentada, deitada ou fazendo coreografias da história contada pelo professor. Os temas e as disciplinas não se restringem a trabalhar o conteúdo, mas a ajudar a descobrir o eu no outro. Essa relação dialética ajuda a desenvolver a criança em sintonia com o meio.

Para pensar

A teoria de Henri Wallon ainda é um desafio para muitos pais, escolas e professores. Sua obra faz uma resistência contumaz aos métodos pedagógicos tradicionais. Numa época de crises, guerras, separações e individualismos como a nossa, não seria melhor começar a pôr em prática nas escolas idéias mais humanistas, que valorizem desde cedo a importância das emoções?

Fonte:http://educarparacrescer.abril.com.br  Texto: Fernando Tadeu Santos  em 01/07/2011

domingo, 19 de agosto de 2012

Jean Piaget


“O conhecimento não pode ser uma cópia, visto que é sempre uma relação entre objeto e sujeito”

“Se o indivíduo é passivo intelectualmente, não conseguirá ser livre moralmente”


Jean Piaget nasceu em Neuchâtel, Suíça, em 1896. Aos 10 anos publicou seu primeiro artigo científico, sobre um pardal albino. Desde cedo interessado em filosofia, religião e ciência, formou-se em biologia na Universidade de Neuchâtel e, aos 23 anos, mudou-se para Zurique, onde começou a trabalhar com o estudo do raciocínio da criança sob a ótica da psicologia experimental. Em 1924, publicou o primeiro de mais de 50 livros, A Linguagem e o Pensamento na Criança. Antes do fim da década de 1930, já havia ocupado cargos importantes nas principais universidades suíças, além da diretoria do Instituto Jean-Jacques Rousseau, ao lado de seu mestre, Édouard Claparède (1873-1940). Foi também nesse período que acompanhou a infância dos três filhos, uma das grandes fontes do trabalho de observação do que chamou de "ajustamento progressivo do saber". Até o fim da vida, recebeu títulos honorários de algumas das principais universidades européias e norte-americanas. Morreu em 1980 em Genebra, na Suíça.

Jean Piaget foi o nome mais influente no campo da educação durante a segunda metade do século 20, a ponto de quase se tornar sinônimo de pedagogia. Não existe, entretanto, um método Piaget, como ele próprio gostava de frisar. Ele nunca atuou como pedagogo. Antes de mais nada, Piaget foi biólogo e dedicou a vida a submeter à observação científica rigorosa o processo de aquisição de conhecimento pelo ser humano, particularmente a criança. Do estudo das concepções infantis de tempo, espaço, causalidade física, movimento e velocidade, Piaget criou um campo de investigação que denominou epistemologia genética – isto é, uma teoria do conhecimento centrada no desenvolvimento natural da criança. Segundo ele, o pensamento infantil passa por quatro estágios,
desde o nascimento até o início da adolescência, quando a capacidade plena de raciocínio é atingida.
“A grande contribuição de Piaget foi estudar o raciocínio lógico-matemático, que é fundamental na escola mas não pode ser ensinado, dependendo de uma estrutura de conhecimento da criança”, diz Lino de Macedo, professor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo.

As descobertas de Piaget tiveram grande impacto na pedagogia, mas, de certa forma, demonstraram que a transmissão de conhecimentos é uma possibilidade limitada. Por um lado, não se pode fazer uma criança aprender o que ela ainda não tem condições de absorver. Por outro, mesmo tendo essas condições, não vai se interessar a não ser por conteúdos que lhe façam falta em termos cognitivos.

Isso porque, para o cientista suíço, o conhecimento se dá por descobertas que a própria criança faz – um mecanismo que outros pensadores antes dele já haviam intuído, mas que ele submeteu à comprovação na prática. Vem de Piaget a idéia de que o aprendizado
é construído pelo aluno e é sua teoria que inaugura a corrente construtivista. Educar, para Piaget, é “provocar a atividade” – isto é, estimular a procura do conhecimento. “O professor não deve pensar no que a criança é, mas no que ela pode se tornar”, diz Lino de Macedo. 

Assimilação e acomodação

Com Piaget, ficou claro que as crianças não raciocinam como os adultos e apenas gradualmente se inserem nas regras, valores e símbolos da maturidade psicológica. Essa inserção se dá mediante dois mecanismos: assimilação e acomodação.

O primeiro consiste em incorporar objetos do mundo exterior a esquemas mentais reexistentes. Por exemplo: a criança que tem a idéia mental de uma ave como animal voador, com penas e asas, ao observar um avestruz vai tentar assimilá-lo a um esquema que não corresponde totalmente ao conhecido. Já a acomodação se refere a modificações dos sistemas de assimilação por influência do mundo externo. Assim, depois de aprender que um avestruz não voa, a criança vai adaptar seu conceito “geral” de ave para incluir as que não voam.

Ajudando o desenvolvimento do aluno

A obra de Piaget leva à conclusão de que o trabalho de educar crianças não se refere tanto à transmissão de conteúdos quanto a favorecer a atividade mental do aluno. Conhecer sua obra, portanto, pode ajudar o professor a tornar seu trabalho mais eficiente. Algumas escolas planejam as suas atividades de acordo com os estágios do desenvolvimento cognitivo. Nas classes de Educação Infantil com crianças entre 2 e 3 anos, por exemplo, não é difícil perceber que elas estão em plena descoberta da representação. Começam a brincar de ser outra pessoa, com imitação das atividades vistas em casa e dos personagens das histórias. A escola fará bem em dar vazão a isso promovendo uma ampliação do repertório de referências. Mas é importante lembrar que os modelos teóricos são sempre parciais e que, no caso de Piaget em particular, não existem receitas para a sala de aula.

Para pensar

Os críticos de Piaget costumam dizer que ele deu importância excessiva aos processos individuais e internos de aquisição do aprendizado. Os que afirmam isso em geral contrapõem a obra piagetiana à do pensador bielo-russo Lev Vygotsky (1896-1934). Para ele, como para Piaget, o aprendizado se dá por interação entre estruturas internas e contextos externos. A diferença é que, segundo
Vygotsky, esse aprendizado depende fundamentalmente da influência
ativa do meio social, que Piaget tendia a considerar apenas uma
“interferência” na construção do conhecimento. “É preciso lembrar
que Piaget queria abordar o conhecimento do ponto de vista
de qualquer criança”, diz Lino de Macedo em defesa do cientista
suíço. Pela sua experiência em sala de aula, que peso o meio social
tem nos processos propriamente cognitivos das crianças? Como você pode influir nisso?


Livros escritos por Piaget:
Biologia e Conhecimento, Jean Piaget, 423
págs., Ed. Vozes
Epistemologia Genética, de Jean Piaget, 124 págs.,
Ed. Martins Fontes

Fonte:http://educarparacrescer.abril.com.br Texto escrito por:Márcio Ferrari em 01/07/2011

sábado, 18 de agosto de 2012

Piaget e a Educação Infantil


    Principais objetivos da educação: formação de homens "criativos, inventivos e descobridores", de pessoas críticas e ativas, e na busca constante da construção da autonomia.ormação de homens "criativos, inventivos e descobridores", de pessoas críticas e ativas, e na busca constante da construção da autonomia.
   Devemos lembrar que Piaget não propõe um método de ensino,mas, ao contrário, elabora uma teoria do conhecimento e desenvolve muitas investigações cujos resultados são utilizados por psicólogos e pedagogos. 

 Desse modo, suas pesquisas recebem diversas interpretações que se concretizam em propostas didáticas também diversas. 
 
 m propostas didáticas também diversas.

Implicações do pensamento piagetiano para a aprendizagem

·         Os objetivos pedagógicos necessitam estar centrados no aluno, partir das atividades do aluno.
·         Os conteúdos não são concebidos como fins em si mesmos, mas como instrumentos que servem ao desenvolvimento evolutivo natural.
·         primazia de um método que leve ao descobrimento por parte do aluno ao invés de receber passivamente através do professor.
·         A aprendizagem é um processo construído internamente.
·         A aprendizagem depende do nível de desenvolvimento do sujeito.
·         A aprendizagem é um processo de reorganização cognitiva.
·         Os conflitos cognitivos são importantes para o desenvolvimento da aprendizagem.
·         A interação social favorece a aprendizagem.
·         As experiências de aprendizagem necessitam estruturar-se de modo a privilegiarem a colaboração, a cooperação e intercâmbio de pontos de vista na busca conjunta do conhecimento.

http://piaget.infoedu.zip.net/   - 21/05/2007

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Lev Seminovitch Vygotsky e a Educação

Lev Seminovitch Vygotsky (1896-1934) foi um teórico que iniciou-se sob forte influência do materialismo histórico e dialético de Marx e Engels. No seu trabalho, encontra-se uma visão de desenvolvimento baseada na concepção de um organismo ativo, cujo pensamento é construído paulatinamente num ambiente que é histórico e essencialmente social. O sujeito é herdeiro da evolução filogênica e cultural, e seu desenvolvimento se dá em do meio social em que vive, portanto sua teoria é considerada histórico-social. Nesta teoria é dado destaque as possibilidades que o indivíduo dispõe a partir do ambiente em que vive e que dizem respeito ao acesso que o ser humano tem a “instrumentos físicos”, como uma faca, uma mesa, e “instrumentos sociais”, como a cultura, costumes, valores (signos e linguagens) desenvolvidos em gerações precedentes. Vygotsky mostra que o desenvolvimento se dá de fora para dentro, preparando o educador para preparar o educando.
Para Vygotsky, a aprendizagem da criança antecede a entrada na escola e que o aprendizado escolar produz algo novo no desenvolvimento infantil, evidenciando as relações interpessoais.
A aprendizagem acontece em todo lugar. O processo de formação de pensamento é despertado e acentuado pela vida social e pela constante comunicação que se estabelece entre crianças e adultos, a qual permite a assimilação da experiência de muitas gerações. A linguagem intervém no processo de desenvolvimento intelectual da criança desde o nascimento. Quando os adultos nomeiam objetos, indicando para a criança as várias relações que estes mantém entre si, ela constrói formas mais complexas e sofisticadas de conceber a realidade. Sozinha, não seria capaz de adquirir aquilo que obtém por intermédio de sua interação com os adultos e com as outras crianças, num processo que a linguagem é fundamental.
Em sua teoria Vygotsky apresenta a noção de que o bom aprendizado é aquele que se adianta da criança, isto é, aquele que considera o nível de desenvolvimento potencial ou proximal. O conceito de “zona de desenvolvimento potencial” possibilita compreender funções de desenvolvimento que estão a caminho de se completar. Tal conceito é de suma importância para um ensino efetivo. Ele pode ser utilizado tanto para mostrar a forma como a criança organiza a informação, como para verificar o modo como seu pensamento opera, apenas conhecendo o que as crianças são capazes de realizar com e sem a ajuda externa é que se pode conseguir planejar as situações de ensino e avaliar os progressos individuais. Portanto o papel da educação e consequentemente, o de aprendizagem, ganham destaques na teoria de desenvolvimento de Vygotsky, que também mostra que a qualidade das trocas que se dão no plano verbal entre o professor e os alunos irá influenciar decisivamente na forma como as crianças tornam mais complexos o seu pensamento e processam novas informações.
Na construção social, Vygotsky considera as crianças como sujeitos sociais que constroem o conhecimento socialmente produzido. O desenvolvimento é a apropriação ativa do conhecimento disponível na sociedade em que a criança nasceu. Esse processo de desenvolvimento na fase escolar, deve ser provocado de fora para dentro pelo professor, que é uma figura fundamental no processo de preparação do aluno.
BIBLIOGRAFIA
MOSQUERA, Juan José Mourño; ISAIA, Silvia Maria de Aguiar. Vygotsky ou Piaget? Uma polêmica de repercussões significativas. N. 12, p 77 – 90. Porto Alegre: Educação , 1987.
VYGOTSKY, Lev S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1987. - A Formação Social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1989


Fonte: http://www.artigos.com   Texto: Eva Coutinho Matos Santana  evaeduca@bol.com.br

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

A Importância da Educação Infantil





O mundo todo desperta-se para a importância da educação infantil. Até pouco tempo atrás esse ensino era tido como de menor importância.
Hoje, sabemos que a estimulação precoce das crianças contribui e muito para o seu aprendizado futuro. Desenvolve suas capacidades motoras, afetivas e de relacionamento social. O contato das crianças com os educadores transforma-se em relações de aprendizado.
Uma outra concepção é o desenvolvimento da autonomia, considerando, no processo de aprendizagem, que a criança tem interesses e desejos próprios e que é um ser capaz de interferir no meio em que vive. Entender a função de brincar no processo educativo é conduzir a criança, ludicamente, para suas descobertas cognitivas, afetivas, de relação interpessoal, de inserção social. A brincadeira leva a criança ao conhecimento da língua oral, escrita, e da matemática.
Acompanhando a implantação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), o Ministério da Educação (MEC), com o objetivo de assessorar as escolas, elaborou referenciais para um ensino de qualidade da educação básica, os chamados Parâmetros Curriculares Nacionais.
Os Parâmetros não têm caráter obrigatório e servem de orientação às escolas públicas e particulares. Os Parâmetros, assessorando a competência profissional, contribuem para a elaboração de currículos de melhor nível, mais ajustados à realidade do ensino.
Os “Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Infantil” propõem critérios curriculares para o aprendizado em creche e pré-escola. Buscam a uniformização da qualidade desse atendimento. Os Parâmetros indicam as capacidades a serem desenvolvidas pelas crianças: de ordem física, cognitiva, ética, estética, afetiva, de relação interpessoal, de inserção social e fornecem os campos de ação. Nesses campos são especificados o conhecimento de si e do outro, o brincar, o movimento, a língua oral e escrita, a matemática, as artes visuais, a música e o conhecimento do mundo, ressaltando a construção da cidadania.
O então ministro da Educação, Paulo Renato Souza, ao se referir aos Parâmetros Curriculares do Ensino Fundamental, ponderou: “Passamos a oferecer a perspectiva de que as creches passem a ter um conteúdo educacional e deixem de ser meros depósitos de crianças. Em todo o mundo está havendo a preocupação de desenvolver a criança desde o seu nascimento”.
Dados de 1998, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apenas 25% da população de zero a 6 anos freqüentam creche ou pré-escola. São 5,5 milhões de crianças de um total de 21,3 milhões.
A educação infantil é definida na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) como parte da educação básica, mas não da educação obrigatória. A lei define, também, nas disposições transitórias, a passagem das creches para o sistema educacional. O Ministério da Educação (MEC) determinou que, a partir de janeiro de 1999, todas as creches do País deveriam estar credenciadas nos sistemas educacionais.
Conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, cabe aos sistemas municipais a responsabilidade maior por esses atendimento. A Constituição da República diz que “A educação é direito de todos e dever do Estado”. A emenda constitucional n.º 14/96 alterou dispositivos relativos à educação e estabeleceu que a educação infantil é atribuição prioritária dos municípios.
A educação infantil tem-se revelado primordial para uma aprendizagem efetiva. Ela socializa, desenvolve habilidades, melhora o desempenho escolar futuro, propiciando à criança resultados superiores ao chegar ao ensino fundamental.
A educação infantil é o verdadeiro alicerce da aprendizagem,  aquela  que deixa a criança pronta para aprender.
Fonte: http://www.izabelsadallagrispino.com.br     Texto:  Izabel Sadalla Grispino
(Publicado em julho/2006)

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Paulo Freire


"Não é possível pensar em linguagem sem ideologia e sem poder"
"Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda"
Paulo Freire nasceu em 1921 em Recife, numa família de classe média. Com o agravamento da crise econômica mundial iniciada em 1929 e a morte de seu pai, quando tinha 13 anos, Freire passou a enfrentar dificuldades econômicas. Formou-se em direito, mas não seguiu carreira, encaminhando a vida profissional para o magistério. Suas idéias pedagógicas se formaram da observação da cultura dos alunos - em particular o uso da linguagem - e do papel elitista da escola. Em 1963, em Angicos (RN), chefiou um programa que alfabetizou 300 pessoas em um mês. No ano seguinte, o golpe militar o surpreendeu em Brasília, onde coordenava o Plano Nacional de Alfabetização do presidente João Goulart. Freire passou 70 dias na prisão antes de se exilar. Em 1968, no Chile, escreveu seu livro mais conhecido, Pedagogia do Oprimido. Também deu aulas nos Estados Unidos e na Suíça e organizou planos de alfabetização em países africanos. Com a anistia, em 1979, voltou ao Brasil, integrando-se à vida universitária. Filiou-se ao Partido dos Trabalhadores e, entre 1989 e 1991, foi secretário municipal de Educação de São Paulo. Freire foi casado duas vezes e teve cinco filhos. Foi nomeado doutor honoris causa de 28 universidades em vários países e teve obras traduzidas em mais de 20 idiomas. Morreu em 1997, de enfarte.

Paulo Freire foi o mais célebre educador brasileiro, com atuação e reconhecimento internacionais. Conhecido principalmente pelo método de alfabetização de adultos que leva seu nome, ele desenvolveu um pensamento pedagógico assumidamente político. Para Freire, o objetivo maior da educação é conscientizar o aluno. Isso significa, em relação às parcelas desfavorecidas da sociedade, levá-las a entender sua situação de oprimidas e agir em favor da própria libertação. O principal livro de Freire se intitula justamente Pedagogia do Oprimido e os conceitos nele contidos baseiam boa parte do conjunto de sua obra.
Ao propor uma prática de sala de aula que pudesse desenvolver a criticidade dos alunos, Freire condenava o ensino oferecido pela ampla maioria das escolas (isto é, as "escolas burguesas"), que ele qualificou de educação bancária. Nela, segundo Freire, o professor age como quem deposita conhecimento num aluno apenas receptivo, dócil. Em outras palavras, o saber é visto como uma doação dos que se julgam seus detentores. Trata-se, para Freire, de uma escola alienante, mas não menos ideologizada do que a que ele propunha para despertar a consciência dos oprimidos. "Sua tônica fundamentalmente reside em matar nos educandos a curiosidade, o espírito investigador, a criatividade", escreveu o educador. Ele dizia que, enquanto a escola conservadora procura acomodar os alunos ao mundo existente, a educação que defendia tinha a intenção de inquietá-los.

Seres inacabados

O método Paulo Freire não visa apenas tornar mais rápido e acessível o aprendizado, mas pretende habilitar o aluno a "ler o mundo", na expressão famosa do educador. "Trata-se de aprender a ler a realidade (conhecê-la) para em seguida poder reescrever essa realidade (transformá-la)", dizia Freire. A alfabetização é, para o educador, um modo de os desfavorecidos romperem o que chamou de "cultura do silêncio" e transformar a realidade, "como sujeitos da própria história".

No conjunto do pensamento de Paulo Freire encontra-se a idéia de que tudo está em permanente transformação e interação. Por isso, não há futuro a priori, como ele gostava de repetir no fim da vida, como crítica aos intelectuais de esquerda que consideravam a emancipação das classes desfavorecidas como uma inevitabilidade histórica. Esse ponto de vista implica a concepção do ser humano como "histórico e inacabado" e conseqüentemente sempre pronto a aprender. No caso particular dos professores, isso se reflete na necessidade de formação rigorosa e permanente. Freire dizia, numa frase famosa, que "o mundo não é, o mundo está sendo".

Três etapas rumo à conscientização

Embora o trabalho de alfabetização de adultos desenvolvido por Paulo Freire tenha passado para a história como um "método", a palavra não é a mais adequada para definir o trabalho do educador, cuja obra se caracteriza mais por uma reflexão sobre o significado da educação. "Toda a obra de Paulo Freire é uma concepção de educação embutida numa concepção de mundo", diz José Eustáquio Romão. Mesmo assim, distinguem-se na teoria do educador pernambucano três momentos claros de aprendizagem. O primeiro é aquele em que o educador se inteira daquilo que o aluno conhece, não apenas para poder avançar no ensino de conteúdos mas principalmente para trazer a cultura do educando para dentro da sala de aula. O segundo momento é o de exploração das questões relativas aos temas em discussão - o que permite que o aluno construa o caminho do senso comum para uma visão crítica da realidade. Finalmente, volta-se do abstrato para o concreto, na chamada etapa de problematização: o conteúdo em questão apresenta-se "dissecado", o que deve sugerir
ações para superar impasses. Para Paulo Freire, esse procedimento serve ao objetivo final do ensino, que é a conscientização do aluno.

Para pensar

Um conceito a que Paulo Freire deu a máxima importância, e que nem sempre é abordado pelos teóricos, é o de coerência. Para ele, não é possível adotar diretrizes pedagógicas de modo conseqüente sem que elas orientem a prática, até em seus aspectos mais corriqueiros. "As qualidades e virtudes são construídas por nós no esforço que nos impomos para diminuir a distância entre o que dizemos e fazemos", escreveu o educador. "Como, na verdade, posso eu continuar falando no respeito à dignidade do educando se o ironizo, se o discrimino, se o inibo com minha arrogância?" Você, professor, tem a preocupação de agir na escola de acordo com os princípios em que acredita? E costuma analisar as próprias atitudes sob esse ponto de vista?

Livros de Paulo Freire:
• Pedagogia da Esperança - Um Reencontro com a Pedagogia do Oprimido, Paulo Freire, Ed. Paz e Terra • Pedagogia do Oprimido, Paulo Freire, Ed. Paz e Terra

http://educarparacrescer.abril.com.br - Texto de: Márcio Ferrari em 01/07/2011

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Mais de Rubem Alves






Num dos meus momentos de vagabundagem, um pensamento me apareceu que fez uma ligação metafórica entre lâmpadas e inteligências que nunca me havia passado pela cabeça. Tratei, então, de seguir a trilha. As lâmpadas servem para iluminar. Para isso são dotadas de potências de iluminação diferentes. Há lâmpadas de 60 watts, de 100 watts, de 150 watts etc. Qual é a melhor lâmpada? Parece que as de 150 watts são as melhores porque iluminam mais. Também as inteligências servem para iluminar. Tanto assim que se diz "tive uma ideia luminosa!". E nos gibis, para dizer que um personagem teve uma boa ideia, o desenhista desenha uma lâmpada acesa sobre a sua cabeça. E também as inteligências, à semelhança das lâmpadas, têm potências diferentes. Os psicólogos inventaram testes para atribuir números às inteligências. A esses números deram o nome de QI, coeficiente de inteligência. Segundo as mensurações dos psicólogos, há QIs de 100, de 150, de 200... Ah! Uma pessoa com QI200 deve ser maravilhosa! Porque, como todo mundo sabe, inteligência é coisa muito boa! Porque, como todo mundo sabe, inteligência é coisa muito boa. Todo pai quer ter filho inteligente. Mas as lâmpadas não são objetos de contemplação. Não se fica olhando para elas. Olhamos para aquilo que elas iluminam. Uma lâmpada de 150 watts pode iluminar o rosto contorcido de um homem numa câmara de torturas. E uma lâmpada de 60 watts pode iluminar uma mãe dando de mamar ao filhinho. As lâmpadas valem pelas cenas que iluminam. As inteligências valem pelas cenas que iluminam. Há inteligências de QI 200 que só iluminam esgotos e cemitérios. E há inteligências modestas, como se fossem nada mais que a chama de uma vela, que iluminam o rosto de crianças e jardins. A inteligência pode estar a serviço da morte ou da vida. A inteligência, pobrezinha, não tem o poder para decidir o que iluminar. Ela é mandada. Só lhe compete obedecer. As ordens vêm de outro lugar. Do coração. Se o coração tem gostos suínos, a inteligência iluminará chiqueiros, porcos e lavagem. Se o coração gosta de crianças e jardins, a inteligência iluminará crianças e jardins. Por isso é mais importante educar o coração que fazer musculação na inteligência. Eu prefiro as inteligências que iluminam a vida, por modestas que sejam.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Educação Infantil

Desde 1996 com a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9394/96), a educação infantil passou a integrar a Educação Básica, juntamente com o ensino fundamental e o ensino médio. Segundo a LDB em seu artigo 29:
A educação infantil, primeira etapa da educação básica tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.
De acordo com a Lei, a educação infantil deve ser oferecida em creches para as crianças de 0 a 3 anos, e em pré-escolas para as crianças de 4 e 5anos. Porém ela não é obrigatória. Dessa forma, a implantação de Centros de Educação Infantil é facultativa, e de responsabilidade dos municípios.
Diferente dos demais níveis da educação, a educação infantil não tem currículo formal. Desde 1998 segue o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, um documento equivalente aos Parâmetros Curriculares Nacionais que embasa os demais segmentos da educação Básica.
Segundo os Referenciais, o papel da educação infantil é o CUIDAR da criança em espaço formal, contemplando a alimentação, a limpeza e o lazer (brincar). Também é seu papel EDUCAR, sempre respeitando o caráter lúdico das atividades, com ênfase no desenvolvimento integral da criança.
Não cabe à educação infantil alfabetizar a criança. Nessa fase ela não tem maturidade neural para isso, salvo os casos em que a alfabetização é espontânea.
Segundo os Referenciais, devem ser trabalhados os seguintes eixos com as crianças: Movimento, Música, Artes Visuais, Linguagem Oral e Escrita, Natureza e Sociedade e Matemática.
O objetivo é o de desenvolver algumas capacidades, como: ampliar relações sociais na interação com outras crianças e adultos, conhecer seu próprio corpo, brincar e se expressar das mais variadas formas, utilizar diferentes linguagens para se comunicar, entre outros.
Alguns aspectos previstos nos Referenciais para adequar as escolas de educação infantil às necessidades das crianças são desconhecidos da maioria dos pais, tais como: As escolas devem ter duas cozinhas, uma para as crianças de 0 a 3 anos e outra para crianças de 4 e 5 anos, o espaço físico deve ser de 2 m² por criança em sala, e inclusive deve ter fraldário e lactário independentes da sala de aula.
A ênfase da educação infantil é ESTIMULAR as diferentes áreas de desenvolvimento da criança, aguçar sua curiosidade, sendo que, para isso, é imprescindível que a criança esteja feliz no espaço escolar.

Fonte: http://www.infoescola.com   Texto:Thais Pacievitch

domingo, 12 de agosto de 2012

10 passos para transformar seu filho em um bom leitor




1. Leia em voz alta com ele. Explore livros e outros materiais de leitura – revistas, jornais, folhetos, almanaques, manuais de instruções, cartazes, placas... Todo material impresso pode ser útil e ocasionar um momento de troca centrado na leitura.

2. Ofereça a ele um ambiente rico em palavras: faça atividades com leitura, mesmo com bebês e crianças bem pequenas, e continue fazendo com as crianças que já estão na escola.

3. Converse com ele e escute-o quando fala. Isso ajuda MUITO no desenvolvimento da linguagem oral.

4. Peça para ele recontar histórias ou informações que você leu em voz alta para ele. Só tome cuidado para que isso não acabe virando aula! Não é esse o espírito da proposta; precisa ser algo agradável e descontraído.

5. Incentive-o a desenhar e fazer de conta que escreve as histórias que ouviu. Peça, depois, que “leia” em voz alta. Parece absurdo? Não é. Afinal, ele passa o tempo fazendo de conta que cozinha, que dirige carros, que luta com inimigos perigosos, que é médico ou professor... Não se esqueça: a idéia é brincar de ler.

6. Dê o exemplo: faça com que ele veja você lendo e escrevendo. Não faça a bobagem de dizer que ele deve aprender a ser diferente de você, que não gosta de ler! O que conta não é o que você discursa sobre leitura, escrita, estudo: é o que você oferece como exemplo.

7. Vá à biblioteca regularmente com seu filho. Se for uma biblioteca de empréstimo, é bom cada um ter sua própria ficha de inscrição.

8. Crie uma biblioteca em casa e uma biblioteca pessoal para a criança, onde ela se acostume a guardar os livros e a buscá-los. Na hora de comprar presentes para seu filho, lembre-se dos livros! De quebra, ele ganha competência para lidar com o mundo e abertura da imaginação.

9. Faça um pouco de mistério, para aguçar a curiosidade. Por exemplo: você tem três livros na mão e diz à criança que ela pode escolher entre dois livros. Ela certamente vai dizer que são três, e não dois. Você faz de conta que se enganou, e põe um deles de lado. Adivinha qual deles ela vai querer... Use sua imaginação. Tudo isso é jogo, mas o resultado é que seu filho ganha sempre – e para toda a vida.

10. Leve seus filhos em atividades culturais, como Hora do Conto ou teatro infantil.


FONTE: INSTITUTO ECOFUTURO