sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Só um brasileiro aparece entre os 100 livros mais pedidos nas universidades dos EUA: Paulo Freire

Paulo Freire. Foto: Reprodução/Instituto Paulo Freire.Paulo Freire. Foto: Reprodução/Instituto Paulo Freire.
Enviado por Rogerio Waldrigues Galindo       Extraído na íntegra de: http://www.gazetadopovo.com.br/
Apenas um livro de autor brasileiro aparece entre os 100 títulos mais pedidos pelas universidades dos Estados Unidos, de acordo com o projeto Open Syllabus. O projeto reúne ementas de disciplinas de instituições de ensino superior em todo o país e descobre quais são os livros mais solicitados pelos professores.
O único livro brasileiro a aparecer nos “100 mais” da lista é de Paulo Freire. Pedagogia do Oprimido, publicado pela primeira vez em 1974, aparece na 99.ª posição da lista. Segundo o Open Syllabus, o livro é requisitado em 1.021 ementas de universidades e faculdades dos EUA. Não é pouca coisa: o livro fica à frente de clássicos como Rei Lear, de Shakespeare; Moby Dick, de Herman Melville; e O Banquete, de Platão.
Pedagogia do Oprimido, de acordo com o projeto, também é o segundo livro mais pedido dentre todos os da área de educação. Perde apenas para Teaching for Quality Learning in University: What the Student Does, de John Biggs.
Outro livro bastante citado de um brasileiro (pelo menos dos que o blog conseguiu rastrear) é do ex-presidente e sociólogo Fernando Henrique Cardoso. Dependência e Desenvolvimento na América Latina tem 141 citações.
Como curiosidade, outros brasileiros que aparecem nas ementas são Clarice Lispector (A Hora da Estrela tem 40 citações); Machado de Assis (Dom Casmurro, com 33); e Euclides da Cunha (Os Sertõesaparece 27 vezes).
Dentre os paranaenses, há Dalton Trevisan, com duas citações, e Cristovão Tezza (O Filho Eterno, com uma citação).

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Como elaborar boas pautas para reuniões pedagógicas

Uma pauta estruturada ajuda a planejar o tempo e é uma aprendizagem para o coordenador

Aurélio Amaral (gestaoescolar@fvc.org.br)     Extraído na íntegra

Aparecida e Flávia. Foto: Marcio Vasconcelos
"Passei a conduzir melhor as conversas,
direcionando as perguntas aos professores
para a reflexão sobre os principais
problemas didáticos apresentados. Não
perdemos mais o foco."

Aparecida Batalha (à esq.), coordenadora
pedagógica da EM Tomé Torres Fernandes,
em Arari (MA)

"Ao analisarmos as pautas dos coordenadores,
eu e a supervisora Janaína fazemos perguntas
e sugestões para que eles avaliem se as
estratégias formativas estão atingindo
os objetivos da reunião."

Flávia Silva, supervisora da Secretaria de
Educação de Arari (MA)
Ana e Dóris. Foto: Tamires Koop
"Eu dava pouca atenção aos objetivos da
reunião e geralmente definia a pauta com
base apenas nas demandas dos professores.
Agora, todos os encontros têm um
encadeamento e as atividades trazem
metas claras de aprendizagem."

Ana Iracema Scherer (à dir.), coordenadora
pedagógica da EMEF Presidente Nilo Peçanha,
em Novo Hamburgo (RS)

"Antes estudávamos coletivamente referências
teóricas, porém não sabíamos como usá-las.
Hoje, as intervenções feitas pela Ana sempre
remetem a situações que vivenciamos
em sala de aula."

Dóris Dettenborn, professora do 2º ano
da EMEF Presidente Nilo Peçanha
Conduzir os encontros de formação de professores é uma das atividades que mais aparecem na rotina do coordenador pedagógico. Mas como garantir que eles de fato contribuam para melhorar a prática da equipe? O segredo para fazer reuniões cada vez mais eficientes é planejá-las com cuidado, prevendo todos os momentos - inclusive os de intervenção dos participantes. E a melhor maneira de fazer isso é elaborando uma boa pauta, que nada mais é do que um roteiro no qual devem constar os objetivos, os conteúdos que serão tratados, as estratégias propostas e os materiais necessários (veja um modelo na próxima página).

Poucas pessoas dão importância a essa preparação. Porém formalizar em um documento esses itens tem vários propósitos. Primeiramente, a pauta evidencia a atuação do coordenador pedagógico na formação continuada docente. O arquivo desses registros é imprescindível na construção da memória coletiva da instituição e certamente vai servir de referência para os próximos formadores que ali vierem a atuar e também para outras escolas da rede. Dessa forma, o trabalho dos profissionais mais experientes vai auxiliando na formação dos iniciantes.

Além disso, o planejamento contribui para a melhor utilização do tempo dedicado à formação. Imagine, por exemplo, deixar uma reunião inconclusa por haver conteúdos demais para o tempo previsto ou ter de interrompê-la para fazer cópias de um material que deverá ser consultado. Tudo isso se resolve ao detalhar o passo a passo do encontro.

A pauta tem um papel ainda mais significativo. "Redigi-la é um momento de aprendizagem para o próprio coordenador", afirma Débora Rana, selecionadora do Prêmio Victor Civita Educador Nota 10 na categoria Gestor. As pautas elaboradas por Ana Iracema Scherer, coordenadora pedagógica da EMEF Presidente Nilo Peçanha, em Novo Hamburgo, a 42 quilômetros de Porto Alegre, não entravam em grandes detalhes até dois anos atrás. Ao começar a colocar no papel a descrição de cada etapa, ela passou a buscar mais referências teóricas, analisar o encadeamento da reunião com o objetivo da formação, estimar com mais precisão a duração das atividades e prever os passos seguintes com base nos conhecimentos que queria construir com a equipe. Isso contribuiu para o melhor trabalho dos docentes, como é o caso de Dóris Dettenborn, professora do 2º ano(leia os depoimentos nas imagens).

Esse processo reflexivo continua inclusive na execução da pauta, momento no qual são incorporados os acontecimentos e as observações que alteram o documento inicial. A análise comparativa da reunião prevista e da efetivamente realizada dá pistas sobre se as estratégias formativas foram bem exploradas e ajuda na preparação dos próximos encontros.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Como despertar o gosto pela leitura

Extraído na íntegra de: http://jottaclub.com/

Durante meus anos de escola (e até de universidade), vi vários professores falando sobre os benefícios da leitura, afirmando que devemos ler livros clássicos e ressaltando suas qualidades.
Muitos deles, no entanto, nunca foram vistos com um livro embaixo do braço.
Essa atitude de mostrar que “eu sou o professor e leio, olhem aqui meu livro” me parece ser uma das mais importantes para estimular os alunos a ler, pelo simples fato de que isso desperta curiosidade. Muitas pessoas leem, e começam a ler depois de ficarem curiosos sobre aquele best seller que viram na revista. Tudo bem, estimular a leitura de best sellers não é exatamente nosso objetivo, mas começar diretamente pelos clássicos será, no mínimo, traumatizante.
Em síntese, creio que o professor deve mostrar amor pela leitura. Não gosto, nem hábito, mas amor. Esse é o tópico imprescindível.

ATITUDES ATIVAS

Chamo de atitudes ativas aquelas efetivamente desempenhadas pelo professor de forma a criar uma interação entre os alunos e a leitura. Acredito que o resultado das atitudes ativas é altamente influenciado pelas atitudes passivas, daí a importância dessas últimas. A seguir, falo de algumas atitudes ativas que eu busco praticar com meus alunos.

Apresentar textos de interesse dos alunos e destacar a utilidade da literatura

Óbvio. Os alunos não terão interesse em textos que não tenham nada a ver com suas realidades ou que não despertem algum tipo de sentimento. Ninguém, mesmo um apaixonado por leitura, lê por ler. É preciso um motivo. É preciso gostar. É preciso ter necessidade.
Nós, como professores, temos condições de perceber quais os interesses de nossos alunos. Essa é uma tarefa relativamente fácil. A partir disso, podemos selecionar textos de acordo com seus gostos e apresentá-los, lê-los, interpretá-los, mostrar que um texto (ou um livro) é, de certa forma, um amigo com o qual podemos conversar e trocar ideias. Então caímos num ponto importante: precisamos mostrar a utilidade da leitura. Sempre observei que a maioria dos alunos não vê utilidade naquilo que lê. Isso não é culpa deles. É culpa da sociedade, desse mundo tecnicista e de puro senso prático e imediato (recomendo a leitura do texto no blog de Luis Calil, no qual ele analisa alguns comentários de usuários do orkut, na comunidade “Eu odeio literatura”). Quando se começa a ler ficção, é difícil perceber como ela é útil em nossas vidas. Por isso, quem sabe alguns livros de não-ficção possam ser uma boa escolha nesse sentido de criar um senso de necessidade e utilidade.

Organizar atividades a partir da leitura e fazer relações internas e externas

Em abril de 2008, publiquei um texto no extinto blog Bravus.net, no qual faço sugestões de atividades para trabalhar com o clássico de Miguel de Cervantes, Dom Quixote.
Muitas das atividades sugeridas podem ser adaptadas e utilizadas para quaisquer livros, então transcrevo-as abaixo:
1. Fazer a leitura em voz alta de alguns capítulos da obra: alunos e professor intercalando a leitura e criando curiosidade quanto ao resto da história. É muito mais divertido que uma leitura solitária;
2. Jogo de incorporação à leitura: escolhemos um capítulo ou trecho e fazemos algumas marcas no texto (a cada duas ou três linhas). Um aluno inicia a leitura em voz alta e, seguindo uma ordem estabelecida antecipadamente, um novo aluno começa a ler a cada marca do texto, até que todos estejam lendo juntos;
3. Feira de leitura: o grupo encarregado da atividade anunciará — como faziam os leiloeiros antigamente — que em determinada hora e lugar será feita a leitura de certo trecho do livro. Também farão cartazes anunciando o grande acontecimento;
4. Leitura dramatizada: um grupo prepara a narração de algum capítulo da obra para contar aos outros (ao ar livre), utilizando imagens sequenciais dos fatos. Os narradores podem vestir-se conforme o estilo da época e pode-se encenar alguns personagens;
5. Leitura musical: cada grupo fica responsável por um capítulo e escolhe uma música que combine com o trecho a ser lido. Durante a leitura podem ser feitas pausas para ouvir a música, que ficará de fundo para os narradores.
6. Brincar com personagens:
  • Imaginar como são, desenhá-los, descrevê-los;
  • Procurar fotos dos personagens na internet e montar um mural. Depois ler em voz alta algumas falas para ver se os alunos descobrem de que personagem são;
  • “Quem é quem?” com os personagens do mural. Dividir a sala em dois grupos pode ser divertido aqui.
  • Desfile de modelos: entregamos a foto de um personagem e os alunos devem descrevê-lo utilizando comentários como se fosse um desfile de moda;
7. Escolher um capítulo e adaptá-lo para linguagem teatral.
Enfim, muitas outras podem ser pensadas.
Para terminar, o que quero dizer com “relações internas e externas”?
Chamo de relações internas aquelas feitas entre a literatura e a própria literatura. Se um livro faz menção a outro, comentar sobre esse outro. Se um autor tem alguma relação com outro (Luis Fernando Veríssimo com Érico Veríssimo, por exemplo), comentar sobre essa relação, estabelecer diferenças, destacar influências, tornar a questão humana, não só objeto de estudo.
Chamo de relações externas aquelas estabelecidas entre a literatura e outras áreas do conhecimento. Se falamos de Dom Quixote, podemos fazer uma atividade de procurar em um mapa onde fica o “Canal da Mancha” — uma relação entre literatura e geografia. Se lemos Cíntia Moscovich e seus personagens judeus, podemos explicar um pouco sobre esse povo e as atrocidades que viveram na Segunda Guerra — uma relação entre literatura e história. Se lemos Jane Austen e suas heroínas perspicazes que recusam-se a um casamento arranjado, podemos comentar esse tipo de situação que ocorria até fins do século XIX — uma relação entre literatura, história, sociologia e antropologia. E assim por diante.
Enfim, essas são algumas ideias que acredito serem eficazes para estimular o gosto pela leitura. Sei que cada contexto exige posturas diferentes por parte do professor, mas espero que você possa aplicar ao menos algumas dessas sugestões com seus alunos.
Fonte: http://www.lendo.org/despertar-gosto-leitura-literatura-dicas-para-professores/





terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Auxílio-doença


O auxílio-doença é concedido ao trabalhador segurado pela Previdência Social que fica impedido de trabalhar por mais de 15 dias. Profissionais liberais, empresários e trabalhadores por conta própria podem solicitar o benefício desde o primeiro dia de impedimento. A solicitação pode ser feita via internet (http://bit.ly/1EBlriL) ou nas agências da Previdência Social.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Reuniões Escolares - Comissão do Senado aprovam folga dos pais que participarem

  



O objetivo é incentivar a maior participação dos pais na educação dos filhos: bit.ly/1PLXd5p

Lembrando que há projeto tramitando na casa que obrigaria pais a comparecerem a pelo menos 4 reuniões escolares por ano, sob pena de ficarem impedidos de: prestar concurso público, receber remuneração de emprego público, tomar empréstimos de bancos públicos e tirar o passaporte. Veja: bit.ly/1NhUumF.

Imagem: freepik.com.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Entrevista com Peter Gray - Psicologo Evolucionista e autor do livro Free to Learn


Retirado na integra de: http://portal.aprendiz.uol.com.br/

Para desenvolver alguns destes temas, o Portal Aprendiz entrevistou, via Skype, o professor de psicologia evolutiva Peter Gray, do Boston College, que também mantém um blog no Psychology Today, chamado Freedom to Learn, no qual ele compila diversos dados e artigos de opinião sobre educação, o direito ao brincar e direitos humanos.
Portal Aprendiz: De que maneira as crianças estão naturalmente equipadas para aprender? 
Peter Gray: Eu venho da psicologia evolutiva e é por isso que creio que, ao longo de milênios de evolução, nossas crianças foram selecionadas por processos que garantiram sua sobrevivência. E nós não teríamos sobrevivido sem a habilidade de aprender de forma natural. Veja bem, nem sempre os pais acreditaram que era sua função educar integralmente uma criança. Então elas aprendiam brincando umas com as outras, simulando e jogando com suas realidades. Nós temos um instinto natural para o autodidatismo. O que eu tento descrever no meu livro é que até hoje, nas sociedades modernas, esses instintos de aprendizado ainda estão em funcionamento. Se nós promovemos oportunidades de auto-aprendizado, socialização e brincadeira, elas vão ter um aprendizado significativo.
Peter Gray fala sobre o brincar.
“A educação tradicional não foi planejada para estimular o pensamento crítico”
Youtube
Portal Aprendiz: Como a educação tradicional lida com isso?
Gray: O que nós entendemos hoje como educação tradicional surgiu quando o objetivo da educação não era o pensamento livre, o aprendizado, a formação crítica e criativa: o objetivo era treinamento de obediência, para que as pessoas obedecessem seus mestres e senhores sem questionar. Além disso, havia as escolas religiosas, que tinham como missão ensinar a doutrina bíblica, ou seja, não era educação, era doutrinamento. Acontece que ainda estamos presos a essas escolas. E elas operam suprimindo o desejo natural de aprendizagem, reprimindo a curiosidade, dizendo que não importam as questões que o indivíduo tem, apenas importam as questões trazidas pelo currículo, uma educação que não enxerga o brincar, o jogar e a socialização como parte do aprendizado e que diz que as crianças não devem agir de maneira independente. Nós tornamos aprender uma tarefa muito difícil em nossas escolas.
Portal Aprendiz: Você afirmou, em uma entrevista, que nunca foi tão difícil para as crianças do mundo acharem tempo para brincar. E que estamos muito preocupados em torná-las adultas, cheias de atividades e não existem espaços de livre convivência e jogo. Por que isso é importante?
Gray: Ao longo da história, o brincar é maneira pela qual as crianças adquirem estrutura física, emocional, intelectual e social. Ao brincar, nós simulamos um mundo no qual é possível praticar as habilidades que serão necessárias ao nos tornarmos adultos de fato. Hoje, as crianças têm muito acesso aos computadores e telas, então eles vão ali buscar o brincar, eles sabem “desde os ossos” que aquilo é importante e vão ali tentar brincar e entender o mundo que elas terão que enfrentar. Mas é na brincadeira de risco, livre e ao ar livre que se consegue lidar com problemas complexos, por exemplo, é subindo numa árvore ou até brigando uns com os outros, que eles aprendem a lidar com raiva e medo sem se autodestruírem. As crianças precisam de todo o tipo de brincadeira, até das mais arriscadas.
Portal Aprendiz: Em um artigo, você enfatiza que as crianças precisam da sua comunidade para se desenvolverem integralmente. Você afirma isso baseado numa pesquisa sobre o povo Efe, que ainda mantém um estilo de vida próximo ao dos caçadores-coletores, e dividem o cuidado com as crianças. Isso lembra, na prática, um velho ditado que diz que para educar uma criança você precisa de toda uma vila. Como nós podemos traduzir esses ensinamentos em direção a um cuidado mais comunitário de nossas crianças?
O que entendemos hoje como educação surgiu quando o objetivo era treinamento de obediência
Gray: Eu acho que, com o tempo, nós começamos cada vez mais a viver em famílias nucleares isoladas. As crianças vão encontrar outras pessoas não em comunidade, mas só na escola. Elas estão virtualmente isoladas de outros adultos e elas precisam deles. Elas precisam sentir que existem diversos adultos que se importam com elas. Elas não são desenhadas para aprender apenas com seus pais porque, honestamente, muitas vezes, eles não são as melhores pessoas (risos). Elas precisam de diferentes modelos de vida para poder escolher qual melhor serve às suas necessidades individuais, ao que elas querem ser.
Eu acho que as escolas que seguem a metodologia Sudbury conseguem proporcionar esse tipo de vida comunitária,  as crianças sentem que pertencem a este lugar, fazem as regras de comportamento junto com adultos, podem se dirigir a qualquer adulto e procurar, por conta própria, o que lhes interessa aprender. Acho que isso é uma tradução de formar uma comunidade caçadora-coletora na sociedade moderna. Não é exatamente isso, é claro, mas é uma comunidade onde as pessoas se sentem cuidadas e queridas. E isso é muito valioso. Nós precisamos desenhar mais formas para que as crianças, em nossas culturas, possam experimentar comunidades de verdade.
 A Sudbury Valley School, instituição do estado americano de Massachusetts cuja linha de funcionamento inspira outras cerca de 70 escolas em vários países. O modelo Sudbury preconiza que as crianças e adolescentes são movidas por uma natural curiosidade e desejo de aprender. Assim, os estudantes têm total autonomia para decidir como irão aproveitar seu tempo. No período em que estão na instituição, os jovens podem estar envolvidos com leituras, esportes, computação, jogos, música ou ainda uma infinidade de atividades que desejarem. Inclusive, se quiserem ter aula e avaliações convencionais, a escola também as proporciona. Para o modelo Sudbury, o interesse em desenvolver uma atividade é fundamental para o processo de aprendizagem. Por exemplo, o desejo de praticar um jogo de tabuleiro convida a criança a aprender a ler ou a fazer contas; dotando estes conteúdos de significado para ela. Já o exemplo de outros alunos e funcionários, assim como a convivência com eles, são ferramentas do processo de aprendizagem. (Fonte: Centro de Referências em Educação Integral)
Portal Aprendiz:  Neste sentido, você considera que abrir as cidades para nossas crianças, e transformá-las em cidade educadora, em um ambiente de aprendizagem, poderia contribuir para o desenvolvimento das crianças?
Gray: Sim, é claro. Existem inúmeras oportunidades de aprendizado no ambiente urbano, talvez mais acessíveis aos adolescentes que às crianças, que precisam ser cuidadosamente introduzidas a estes lugares, fazendo uso de museus, zoológicos, playgrounds. Meu filho, quando estava em uma escolaSudbury, passava dias letivos inteiros sozinho no centro de Boston. Ele pegava o ônibus saindo do subúrbio e explorava coisas que o interessavam no centro, indo em museus, livrarias etc. Acho que você sempre está aprendendo como aprender e quando você é livre para buscar seus interesses, para pesquisar o que te motiva, aí sim que seu desenvolvimento pode decolar. A educação precisa ser autônoma, não podemos mais decidir por um grupo inteiro de crianças, exigir que todas elas se interessem pela mesma coisa ao mesmo tempo.
Portal Aprendiz: Uma vez, durante uma entrevista, perguntei à fundadora da Riverside School, na Índia, que se assemelha muito ao que você descreve, sobre educação alternativa. Ela me respondeu que a educação tradicional é que era alternativa – alternativa ao aprendizado. Por mais que essa educação que você descreve seja repelida como “utópica”, você acha que é possível imaginar a educação evoluindo para isso?
Gray: É difícil imaginar uma escola pública indo até esse grau de liberdade, porque elas têm que responder a uma série de normas, regulações e regras, ou seja, quando há dinheiro público, o governo define o que é a educação. Ainda assim, eu visitei uma escola no estado do Colorado que consegue fazer muito, mesmo recebendo financiamento público.
QUANDO VOCÊ É LIVRE PARA PESQUISAR O QUE TE MOTIVA, SEU DESENVOLVIMENTO PODE DECOLAR
Acredito que existam muitas outras escolas pelo mundo que incentivem a criatividade e a curiosidade, o pensamento crítico e a liberdade. E, se você parar para observar o mundo de hoje, é exatamente isso que ele está pedindo: criatividade, curiosidade e a alegria de aprender nunca foram tão importantes. Então, por mais que muitas vezes as políticas públicas demorem a alcançar o que é preciso, eu creio que haverá mudanças e as escolas serão centros de aprendizagem

Brincar e sentir-se parte de uma comunidade são essenciais para a aprendizagem das crianças


 Retirado na integra de: http://portal.aprendiz.uol.com.br/  
As crianças de hoje não têm tempo, espaço e permissão para brincar livremente. Seus lugares são controlados, as horas escolares cresceram e a organização das cidades desfez laços comunitários, tornando o espaço público inacessível e perigoso. Tudo isso tem profundos impactos no aprendizado e no desenvolvimento das pessoas. Essa é a opinião do psicólogo evolucionista Peter Gray, autor do livro Free to Learn (Livres para aprender, em tradução livre), que concedeu entrevista ao Portal Aprendiz.
Gray defende, em palestra no TEDx, que quanto mais desenvolvido o cérebro de um mamífero, maior a quantidade de tempo que seus filhotes passam brincando. Pesquisas mostram que animais privados de contato social no desenvolvimento tornam-se arredios e assustados e não têm resposta para lidar com as ameaças.
Com as nossas crianças, isso é ainda mais acentuado. Para exemplificar seu ponto, Gray lembra de pesquisas de antropólogos com etnias que ainda vivem de maneira próxima aos caçadores-coletores. Nelas, as crianças e adolescentes têm garantido o direito de brincar da manhã até o anoitecer. Fazem isso livremente e contando com o apoio de inúmeros adultos, desenvolvendo habilidades e traços sociais importantes. Apresentam comportamentos cooperativos e uma saúde vívida.
A publicação “The Case For Play” (A Defesa Do Brincar, em tradução livre), da ONG australiana Playground Ideas, trouxe uma compilação de dados sobre a importância do brincar no aprendizado. Segundo o estudo, os benefícios econômicos e sociais de uma abordagem amigável ao brincar em um programa de pré-escola foram de 244,812 dólares retornados ao longo de 40 anos para um investimento 15,166 dólares por participante. Além disso, diversas pesquisas ilustram que os efeitos de brincar desde cedo ajudam a desenvolver alfabetização, leitura, familiaridade com números, criatividade.
A cartilha continua citando estudos longitudinais – feitos ao longo de até quarenta anos -, para ilustrar a importância do investimento em políticas de primeira infância.
“O “The Jamaica Study”, mostrou que crianças que tiveram estímulo ao brincar desde cedo se desenvolvem melhor. O estudo acompanhou crianças que sofriam de desnutrição e viviam em comunidades vulneráveis. Elas passaram a receber, por dois anos, duas visitas lúdicas semanais. Vinte anos depois, os jovens que receberam esse cuidado tiveram salários 42% maiores, desenvolvimento cognitivo superior, habilidades psicossociais desenvolvidas e menor ansiedade e depressão. Outra pesquisa, feita em escolas primárias, mostrou que, quando uma metodologia lúdica é aplicada desde cedo, os adultos apresentam maior escolaridade – foi registrado um aumento de 44% no ensino médio e 17% no nível universitário.”