terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Livro-imagem...livro-liberdade


Qual o valor da ilustração em um livro infantil? Livro só de imagem é literatura? Por que precisamos treinar nosso olhar diante de um livro ilustrado

Cristiane Rogério

   Divulgação
Se você pegar alguns livros infantis mais antigos, pode conferir: em muitos deles os ilustradores sequer estão citados na capa. Por muitos anos – e há quem pense assim até hoje – a ilustração sempre se posicionava em segundo plano, era como um apoio para o texto. Hoje há dezenas e dezenas de exemplo – e já vi muito escritor assumindo isso, ainda bem – em que não há livro completo sem a ilustração. Ou seja, ela deixou de ter papel coadjuvante para dividir a contação daquela história com o escritor. 

Agora quem ainda luta pelo espaço é o livro só de imagem. Não, ele não “serve” só para crianças que ainda não sabem ler as letras. Ele é mais, muito mais. “Ler um livro ilustrado é também apreciar o uso de um formato, de enquadramentos, de relação entre capa e guardas com o seu conteúdo; é também associar representações, optar por uma ordem de leitura no espaço da página, afinar poesia do texto com a poesia da imagem, apreciar silêncios de uma em relação à outra... Ler um livro ilustrado depende certamente da formação do leitor”, escreve a francesa Sophie Van der Linden, no livroPara Ler O Livro Ilustrado, que a editora Cosac Naify acaba de lançar no Brasil. É uma belíssima definição dos caminhos que ainda temos que correr e de quanto a nossa formação cultural e educacional ainda tem lacunas a preencher. Quais são nossas referências para ler uma imagem? 

Um paradoxo curioso disso a gente percebe com as crianças. O livro-imagem, principalmente para os ainda não envolvidos completamente com a dependência da palavra escrita, gera uma liberdade da leitura. Uma imagem, um desenho, uma cena pode nos dizer muita coisa e coisas diferentes um para o outro. Coisas diferentes até mesmo do que o autor imaginou. Esta é a beleza de uma arte. “A ausência da palavra escrita exige mais da imaginação do leitor”, disse Isabel Coelho, editora da Cosac Naify, em encontro sobre o tema do qual participei semana passada na USP. E aí se instala outra contradição: quanto não ouvimos por aí que a imagem – seja ilustração, da TV ou do cinema – está limita ndo a nossa imaginação? Mas agora, ainda bem, vivemos novos tempos e o desafio é ter e dar acesso a mais livros somente com imagem (no Livros pra Uma Cuca Bacana, você pode procurar na seção “livros de imagem” e achar várias opções!). Mas há cada vez mais chegando ao mercado. 

Pegar um livro só de imagem é um exercício do olhar. É como nos emocionarmos com uma fotografia de Henri Cartier-Bresson, ou um quadro de Van Gogh. Se já nos rendemos a isso, por que esta resistência aos livros? Livro só de imagem é literatura, sim. E das boas. E precisamos estar com eles por perto para formar um leitor.

Revista Crescer - em Globo.com
Cristiane Rogério - editora de Educação e Cultura

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Livros de imagem





"A criança quando chega à escola já é uma experiente leitora do mundo. Desde muito cedo ela começa a observar, prever, interpretar e atribuir significados aos seres, objetos, ações e situações que a rodeiam, inclusive ao mundo das letras. Essas estratégias de busca de sentidos utilizadas pela criança para tratar de compreender o mundo que a rodeia, devem ser reconhecidas pelo educador e incorporada às suas próprias estratégias de ensino para melhorar a qualidade do aprendizado da leitura, entendido como um processo contínuo que começa no momento em que a criança é capaz de perceber sinais e atribuir-lhes significado." - M. Condemarim, V Galmédes e A. Medina (1)

Os livros de imagem são" um veículo de educação ativa, capaz de tocar diretamente a imaginação e a inteligência das crianças". N. N. Coelho (2)

"Lendo em voz alta as imagens", a criança " adota uma atitude ativa, compara, discrimina, enumera, descreve, recria, e interpreta segundo o que já sabe [...] A imagem por si só é portadora de uma mensagem decifrável para a criança, graças à sua vivência. Cada imagem representa uma unidade de ação e de leitura, e permite a compreensão e a utilização de um vocabulário adequado às situações propostas.
Sequências de imagens, onde os mesmos heróis intervêm, podem ser propostas à criança pequena, desde que ela comece a estabelecer uma ligação lógica e cronológica entre uma imagem e a seguinte ou a precedente. Histórias com 2,3,4 ou mais imagens a serem reconstruídas ajudam as crianças a diferenciarem o antes e o depois, a tomarem consciência das diferenças, a encontrarem as ligações, a organizarem seu raciocínio ( noções de orientação, de lateralização, de espaço). Isto requer um duplo esforço de análise e síntese. F. Faucher (3)

"Esses livros (feitos para crianças pequenas, mas que podem encantar aos de qualquer idade) são sobretudo experiências de olhar...De um olhar múltiplo, pois se vê com os olhos do autor e do leitor, e ambos enxergando o mundo e as personagens de modo diferente, conforme percebem o mundo..." Fanny Abramovich (4)

1 - CONDEMARIN,M GALDAMES,V e MEDINA,A. Oficina de Imagem. São Paulo, Moderna, 1987.
2 - COELHO, Nelly Novaes. Literatura Infantil, 6ª edição. São Paulo, Atica, 1993.
3 - FRAUCHER, F in Boletim nº 38, p 10.
4 - ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil. São Paulo. Scipione. 1995



sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Rotina Diária




Considerada um instrumento de dinamização da aprendizagem e facilitador das percepções infantis sobre o tempo e o espaço, a rotina orienta as ações das crianças e do professor. ´
É necessário que o professor se organize, planeje e controle o equilíbrio do investimento em todas as áreas da aprendizagem. Ao planejar é preciso encontrar um equilíbrio na previsão do tempo das atividades, para que elas não se estendam além do necessário, ou que seja preciso apressar as crianças para finalizá-las. Sabendo da rotina diária de forma clara e compreensível, as crianças podem se organizar e se preparar para as atividades do dia.
Além da organização do tempo, a organização do espaço interno e externo à sala de aula deve potencializar a ação das crianças.
A utilização e a organização do espaço e do tempo refletem e interferem nas práticas pedagógicas e na construção da autonomia do aluno para os estudos e para o convívio social.

Fonte de pesquisa: Cadernos Anglo do Professor

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

O que é disciplina?





Disciplina não é punição: é orientação, aprendizagem.
É um processo de intermediação e apropriação de regras, valores e costumes de uma comunidade que leva o aluno a grandes objetivos. Portanto, ela exige tempo e paciência. Ao lidas com as crianças, nas diferentes situações do cotidiano, o professor deve estar atento às próprias atitudes ao dar respostas, de tal forma que não provoque nos alunos sentimentos de inferioridade ou inadaptação.
A auto imagem da criança é modelada, em grande parte, pela maneira como o outro indivíduo reage a ela. Quando sente que não é aceita, pode ter atitudes inadequadas para com o grupo e desenvolver uma auto imagem negativa.
Lembre-se: os adultos são pessoas que as crianças podem recorrer para ajudá-las a resolver problemas e acolhê-las nos momentos de conflito.

Texto adaptado de: Caderno Anglo

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Ciências:Brasil campeão mundial em queda de raios



Os raios e os trovões já apareciam nos mitos das civilizações do passado, que chegaram a interpretá-los como manifestações divinas. O imaginário popular também originou crenças, muitas delas já esclarecidas pela ciência. Em entrevista, o coordenador do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCTI), Osmar Pinto Júnior, fala sobre esse fenômeno natural, que também intriga os cientistas. 

O Brasil é campeão mundial em incidência de raios e ocorre em seu território pelo menos uma a cada 50 mortes causadas por descargas elétricas no planeta. São cerca de 100 vítimas fatais, mais de 200 feridos por ano e prejuízos anuais da ordem de R$ 1 bilhão.

Doutor em ciências espaciais e autor de quatro livros e de mais de 100 artigos em revistas nacionais e internacionais, o especialista fala um pouco sobre os mitos e dá as dicas para evitar acidentes. E esclarece: sim, um raio pode cair duas – ou mais – vezes no mesmo lugar.
 
 
Segundo o site do Elat, dos 57 milhões de raios registrados por ano no Brasil, a maior incidência ocorre no Norte e no Centro-Oeste, mas ao se considerar a densidade, ou seja, proporcionalmente ao território, os estados do Sul ficam à frente. No entanto, o maior número de mortes ocorre no Sudeste. E, segundo o próprio Elat, Recife, na região Nordeste, é a capital do país onde um raio tem maior chance de causar uma morte, seguida de Salvador, de São Luís e do Rio de Janeiro. Como explicar esse cenário diferenciado nas diversas regiões e cidades brasileiras?

O Brasil é um país continental, com enormes dimensões. São cerca de 8,5 milhões de quilômetros quadrados e as condições meteorológicas mudam muito de uma região para outra. Nós temos a região praticamente equatorial, na Amazônia e parte do Nordeste, temos uma parte tropical e temos uma parte até subtropical, no Sul. Em função disso, as tempestades e os tipos de tempestades e a incidência de raios são diferentes. Nós temos, por exemplo, regiões com incidência de raios pouco acima de zero raio por quilômetro quadrado por ano, ou seja, quase não ocorrem raios ou então o fenômeno acontece a cada dois ou três anos. Por outro lado, temos regiões onde caem 20 raios por quilômetro quadrado por ano.

Quanto a mortes, não se pode analisar somente a incidência de raios, é preciso levar em conta a quantidade de pessoas que vivem no lugar e o hábito delas. Quem tem o costume de estar mais ao ar livre, no campo, está mais exposto a ser atingido pelos raios. Em compensação numa grande cidade, num centro urbano, dentro de um carro ou dentro de um prédio, está mais seguro. Mas numa grande cidade também temos mais pessoas, então há mais alvos a serem atingidos.

Considerando a incidência de raios, a quantidade e a disposição das pessoas, chegamos a números interessantes. A cidade com maior número de ocorrência de mortes por raios é Manaus, uma cidade com quase 2 milhões de habitantes, uma população grande, numa região com alta incidência de raios e onde um número elevado de pessoas exercem atividades a céu aberto. O segundo lugar no ranking das cidades no Brasil está São Paulo, onde as pessoas não têm tantas atividades a céu aberto, em compensação a população ultrapassa 10 milhões de habitantes, numa região também com grande incidência de raios. Já Recife é a cidade onde o menor número de raio já causa morte, mas em Recife, na última década, só morreu uma pessoa, e o número de raios é fraco em comparação com outras cidades.

Diante dessa incidência diferenciada por região, podemos destacar localidades onde o fenômeno tem maior impacto?
A região de maior incidência se encontra ao longo do rio Amazonas, a cerca de 100 quilômetros de Manaus, mas em outras áreas brasileiras também existe grande incidência. No Sudeste, temos a grande São Paulo, o vale do Paraíba e o Sul do Rio de Janeiro. No Centro-Oeste, os registros são, no Sul do Mato Grosso do Sul e na própria capital Campo Grande.  No Sul, o oeste do Rio Grande do Sul, próximo a Uruguaiana. No Nordeste, principalmente o estado do Piauí, próximo a Teresina. São todas regiões com grande incidência de raios.

Então a questão populacional já explica um pouco as últimas estatísticas do Elat, que mostram que do total de 1.488 mortes, entre 2000 e 2011, 414 casos aconteceram na região Sudeste – número bem superior aos de outras regiões brasileiras.

Exatamente, porque nós temos mais de um terço da população brasileira vivendo na região Sudeste. Então é a região onde tem o maior número de pessoas, o que acaba levando ao maior número de mortes.

Ainda segundo o Elat, a cada 50 mortes por raios no mundo, uma é no Brasil. O que faz do país campeão em descargas elétricas e em fatalidades?
O Brasil é o maior país da região tropical do planeta – região mais próxima ao centro e mais quente. Por ser mais quente, favorece a formação de tempestades e de raios. Apesar de o número de mortes no Brasil ser relativamente alto, média de 130 por ano, o nosso país é campeão de raios, mas não de mortes. A China é o país campeão de mortes e, de novo, porque a população ultrapassa 1 bilhão de pessoas. Embora lá as estatísticas não sejam tão precisas como as nossas, estima-se que morram 700 pessoas atingidas por raios por ano no território chinês.

Dados do Inpe também revelam a evolução das ocorrências desde o início do século, em que os números apontam para uma redução de mortes nos últimos três anos em relação à média do período. Como o senhor avalia essa queda?
Realmente, as estatísticas mostram que o número de mortes está abaixo de 100 óbitos. Nós tínhamos uma média que chegou a 150, depois caiu para 130, mas nessa segunda década do século 21 o número de mortes tem caído. Ainda é cedo para dizer se esse número de mortes se deve a uma maior preocupação e educação das pessoas no que se refere aos riscos dos raios. Mas a quantidade de raios não está diminuindo, então, num primeiro momento, somos levados a concluir que o trabalho de divulgação está surtindo efeito. Hoje também, com a internet, as informações estão mais disponíveis para as pessoas. Nos Estados Unidos, o número de mortes caiu, na última década, em função do aumento da informação.

E, aparentemente, isso que não estava acontecendo no Brasil, na década passada, começou a acontecer nesta década. O trabalho que o governo, particularmente o Inpe e o MCTI, junto com a imprensa, tem feito de divulgar os riscos que os raios oferecem à população parece que já está surtindo os primeiros efeitos em termos da diminuição dos número de mortes.

Quais são as diferenças entre raio, relâmpago e trovão e que perigo esses fenômenos oferecem ao ser humano?
O trovão é o som, é o barulho causado pelo raio ou pelo relâmpago.  O trovão em si, apesar de causar medo, não causa nenhum dano às pessoas. É claro que se a pessoa estiver muito próxima, 10 a 20 metros, do local de queda do raio, a onda de ar que se propaga e causa o trovão pode arremessar a vítima contra a um objeto, como uma árvore ou uma parede.  O perigo está na descarga elétrica do raio. Essa sim é extremamente intensa, cuja média é de 20 mil amperes, mil vezes a corrente de um chuveiro elétrico, por exemplo, e que pode atingir a 200 mil amperes.

É uma descarga que, obviamente, atingindo diretamente a pessoa mata instantaneamente, mas, em geral, o raio cai próximo à pessoa. É por isso que as vítimas sobrevivem em muitas circunstâncias. Relâmpago é um nome genérico para todas as descargas. Os raios são parte dos relâmpagos, são aqueles relâmpagos que atingem o solo.  Os relâmpagos incluem aquelas descargas dentro das nuvens que não causam danos.

Recentemente o Elat divulgou as primeiras imagens dos chamados raios ascendentes no Brasil. Como esse fenômeno é possível?
Em 99% dos casos os raios começam nas nuvens e se propagam das nuvens para baixo na atmosfera atingindo o solo. Em 1% dos casos acontece o contrário, o raio começa no solo e se propaga para cima em direção às nuvens. Então esses raios são muito raros e acontecem principalmente em torres instaladas em locais elevados. A proximidade com a nuvem facilita que uma descarga comece no chão em direção à nuvem. Foi assim que nós filmamos, há pouco mais de um ano, os primeiros raios ascendentes no Brasil, numa torre de pouco mais de 100 metros de altura em cima de uma colina na cidade de São Paulo. 

Uma situação que preocupa são as torres de transmissão que estão sendo construídas na Amazônia, também com mais de 100 metros de altura. Essas torres altas num local com grande incidência de tempestades como a Amazônia vai favorecer muito a incidência de raios ascendentes.

Tem confirmação científica a ideia de que algumas árvores atraem mais os raios que outras?

As pessoas, como os animais, acabam buscando abrigo embaixo de árvores para fugir da chuva, mas se esquecem que aumentam a chance de ser atingidas por um raio. Algumas árvores atraem mais os raios de acordo com as suas características. Quanto mais seiva dentro do caule e mais profundas as raízes, mais chance existe de a árvore ser atingida. Não é mito dizer que algumas árvores são mais atingidas do que outras, mas como é difícil para o leigo identificar e como não há estatísticas em relação a isso, a melhor coisa a fazer é se afastar de qualquer árvore diante de uma tempestade.

Uma crença popular antiga está baseada na ideia de que um local não pode ser atingido duas vezes pelo mesmo raio. Isso já foi desmentido pela ciência?

Esse é o maior mito do povo brasileiro. Os índios que habitavam a região do Brasil, em 1500, quando os portugueses chegaram aqui, acreditavam nisso e até hoje muitas pessoas acreditam. Mas é um mito. O raio cai muitas vezes no mesmo lugar e, em lugares de grande incidência, a chance aumenta.

Existe também a superstição de que os espelhos atraem os raios e que, por isso, durante uma tempestade precisam ser cobertos com um pano. Esse receio tem fundamento?
É apenas um mito muito antigo, não tem por quê as pessoas se preocuparem com os espelhos.

Em que situações as pessoas estão mais vulneráveis a se tornar vítimas de raios e como é possível evitar?

Fundamentalmente, a pessoa está mais vulnerável a ser atingida por um raio quando está a céu aberto. Dentro de um automóvel fechado, ela está 100% segura. Dentro de uma residência, bastante segura – neste caso, não 100% porque ela pode ser atingida através da rede elétrica ao, por exemplo, falar por um telefone com fio, tomar banho num chuveiro elétrico ou ficar encostada numa geladeira. Ao ar livre a situação se complica e a pessoa corre risco na beira da praia, no campo, num trator ou numa estrada andando de moto.

Como evitar? É importante sempre procurar um abrigo e é importante também ter algumas informações básicas. São muitas as situações. Numa cartilha do Inpe, disponível no portal do Elat/Inpe, o usuário pode conferir essas recomendações no sentido de como agir ao ouvir um trovão ou perceber a proximidade de uma tempestade.
(FONTE: Ministério de Ciência & Tecnologia) - Editora OPET em destaque

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Telma Weisz: "A culpa pelo fracasso não é do aluno"

A educadora critica os professores que insistem na cartilha para alfabetizar e diz que é preciso aprender a ensinar de outra forma.






Mais de 40% das crianças brasileiras que ingressam na 1a série do Ensino Fundamental não são aprovadas, de acordo com dados do Ministério da Educação (MEC). Ao final de um ano de aulas, elas não aprenderam a ler e a escrever. É contra essa maré de fracasso que rema a educadora carioca Telma Weisz. Doutora em Psicologia da Aprendizagem pela Universidade de São Paulo (USP), uma das criadoras dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa de 1ª a 4ª séries e consultora do MEC para projetos de formação de professores, Telma considera-se uma privilegiada porque teve como um de seus orientadores a argentina Emilia Ferreiro, co-autora (junto com Ana Teberosky) de Psicogênese da Língua Escrita*, livro considerado um divisor de águas na história da alfabetização. Aos 55 anos e mãe de um casal de filhos, Telma integra o Comitê Técnico do Crer para Ver, da Fundação Abrinq, é consultora da Fundação Kellog e trabalha no projeto pedagógico da escola mantida pelo Projeto Axé em parceria com a prefeitura de Salvador

    . Nesta entrevista, ela mostra que existe, sim, um caminho para acabar com a evasão e a repetência nas escolas. 

    O que mudou no modo de ver e ensinar a alfabetização? 
    Telma Weisz: Antigamente se imaginava que para ler era preciso primeiro aprender o sistema de escrita e, então, começar a interpretar textos. Hoje sabemos que a capacidade de leitura não depende do conhecimento do valor sonoro de cada letra ou de saber juntar uma letra a outra. É preciso conhecer as características da linguagem escrita, que mudam conforme o gênero do texto. Não basta saber ler "Vovô viu a uva" para entender um jornal. É preciso conhecer esse tipo particular de linguagem. 
    Essa visão está presente nas salas de aula?
    Telma: Infelizmente, não. Muitas crianças continuam sendo alfabetizadas pelo método tradicional, que é terrivelmente cego e empobrecedor. Para elas, os atos de ler e de escrever não fazem sentido. O professor apenas reproduz a seqüência que está na cartilha: leitura, cópia, treino de famílias silábicas e coisas do tipo. E o aluno faz o que o professor pede porque não tem opção além de aceitar as regras do jogo.

    Quais são as conseqüências de ser alfabetizado dessa maneira?
    Telma: As piores possíveis. Durante os quatro primeiros anos do Ensino Fundamental, a maioria dos professores continua alheia às mudanças previstas nos Parâmetros Curriculares. Eles não ensinam os alunos a ler diferentes tipos de texto só martelam a cartilha. A partir da 5ª série, no entanto, a adaptação está sendo mais rápida e a escolaridade já depende da capacidade do aluno de aprender a aprender. Na vida real, o que se vê é um professor de História da 6ª série, por exemplo, distribuir um texto em sala. Os alunos lêem, mas não entendem nada, e alguns são reprovados. Daí, cria-se um jogo de empurra. O professor de História acha que não é obrigação sua ensinar o menino a ler e culpa o de 1ª a 4ª. Esse, por sua vez, engana-se ao acreditar que não tem de ensinar a ler textos históricos. Enquanto isso, o pobre do estudante fica ao deus-dará.

    Existe diferença entre aprender a ler e ser alfabetizado? 
    Telma: Há cerca de trinta anos, alguém que dominava a capacidade de decodificar, que reconhecia letras e palavras, ainda que não fosse capaz de ler e usar a escrita de uma forma útil para sua vida, estava dentro do chamado analfabetismo funcional. A pessoa fazia as primeiras quatro séries do Ensino Fundamental e, no final, só sabia assinar o nome, tomar um ônibus ou, quem sabe, ler um bilhete. Mas ela não era um usuário da escrita e na vida cotidiana não conseguia extrair sentido das palavras nem colocar ideias no papel por meio do sistema de escrita, como acontece com quem realmente foi alfabetizado.

    Qual é o papel da literatura infantil na alfabetização?
    Telma: É fundamental. Grandes escritores dedicaram-se e continuam se dedicando a escrever textos para crianças. Mesmo que elas não saibam ler, porque sempre há alguém para fazer isso. O contato com a literatura desde os primeiros anos de vida é essencial para semear o interesse pela linguagem escrita. Acredito, porém, que devemos tomar muito cuidado com o que se convencionou chamar de material paradidático. Esses textos se baseiam na visão de que é preciso escrever de forma simplificada, tanto do ponto de vista textual como do fonológico, para que os pequenos possam ler sozinhos. Ou seja, é uma concepção que casa com a da cartilha, de que ler é apenas combinar letras. Para mim, isso não é literatura.

    O que a senhora acha das classes de alfabetização, prévias à 1ª série?
    Telma: Essas classes, que funcionam em muitos Estados do Norte e do Nordeste, seguram os alunos fora do ensino regular até que eles aprendam a ler. Isso é um crime. Há crianças com idade para estar na 3ª série que continuam nessas classes. A 1ª série tem de ensinar a ler, se a criança ainda não tiver aprendido. Caso não consiga, o trabalho deverá continuar na 2ª série. Nós, professores, temos a obrigação de dar mais ensino ao aluno que precisa. A escola é o lugar onde as pessoas são ensinadas, e se não aprendem a culpa não é delas.

    Como ensinar melhor, então? 
    Telma: No caso específico da alfabetização, Emilia Ferreiro mostrou como todos nós damos os primeiros passos no mundo da escrita e como as ideias vão sendo progressivamente transformadas pelo próprio esforço de entender esse sistema. Ela provou que o conhecimento é construído. Sabendo disso, o professor deve observar os trabalhos de seus alunos e entender em que momento do processo cada um está. Só assim será possível oferecer o ensinamento correto. A alfabetização tradicional não leva em conta o conhecimento que cada criança domina. Trata todas como iguais e ocas, um vazio a ser preenchido.

    É como se a escola ignorasse que as crianças também aprendem fora da classe, não?
    Telma: Sem dúvida. Quando a criança tem a possibilidade de participar ou mesmo observar situações em que a escrita e sua linguagem específica estão presentes, ela vive num ambiente alfabetizador. É preciso, no entanto, tomar cuidado com a expressão "ambiente alfabetizador". Muita gente, com a melhor das intenções, confunde a ideia. Não basta encher a classe com coisas escritas nas paredes. É muito mais do que isso.

    Alguns professores de 1ª série reprovam alunos que cometem erros de ortografia. É correta essa atitude?
    Telma: Não, porque o aluno está no meio do processo. No início, ele acredita que a escrita está ligada a desenhos. Depois, compreende que é preciso usar letras, mas muitas vezes associa o número de letras à quantidade de sílabas. Chegar à fase alfabética e entender que para formar o som "ba" são necessárias duas letras é um estágio importantíssimo, mas não o final. Ainda falta aprender ortografia e pontuação. E isso só é possível lendo textos. Textos verdadeiros, livros, jornais, revistas não aqueles inventados para ensinar a ler. Por essa razão o Ensino Fundamental tem oito anos. Existe uma idéia estapafúrdia de que, quando o aluno domina a escrita alfabética, a ortografia e a pontuação têm de vir junto. Se fosse assim, o que fariam os professores da 2ª à 8ª séries?

    Essas ideias sobre a alfabetização foram desenvolvidas por Emilia Ferreiro há vinte anos. Elas continuam sendo as mais avançadas? 
    Telma: Na área da aquisição da linguagem escrita, nada foi construído depois. Não se faz uma revolução conceitual todo mês. É uma mudança de paradigma que acontece em intervalos de tempo muito grandes. Quando li Psicogênese da Língua Escrita, tive a sensação de estar diante de um acontecimento histórico.

    A senhora foi uma das divulgadoras dessas ideias no Brasil. Que impacto elas produziram nessas duas décadas?
    Telma: No começo dos anos 80, esses conceitos entraram no país diretamente via escola pública, graças ao esforço de um grupo de pessoas que viam neles um instrumento poderoso para ajudar as crianças a superar uma tradição de fracassos. Pensávamos que apenas anunciando a boa nova provocaríamos uma grande transformação. Isso de fato ocorreu na rede estadual de São Paulo e em Porto Alegre. No resto do país, a mudança está sendo lenta, por causa de sua própria natureza, mas também não está tendo a profundidade que deveria. Muitos professores conhecem as idéias de Emilia, mas isso não se reflete em sua prática de sala de aula. É preciso penetrar no que eu chamo de imaginário profissional do professor para impulsionar uma modificação significativa.

    Como fazer isso? Telma: É essencial mudar a formação dos professores. Recentemente, conseguimos reconhecer que a escola produz analfabetos. Falar isso há dez anos gerava um desconforto insuportável. A escola que reprovava muitos alunos era vista como boa. Hoje, como incompetente. A função da escola é ensinar. Só que muitos professores que estão formando os novos colegas não sabem desenvolver uma prática diferente da apresentada na cartilha. Já existe uma proposta de prática pedagógica testada e avaliada. A diferença em relação à cartilha é que ela não pode ser oferecida aos estudantes de Pedagogia no formato de um método do tipo "faça isso e aquilo". Essa nova proposta exige que o professor pense, reflita sobre seu trabalho. Os estudantes lêem textos sobre Emilia Ferreiro na universidade, mas têm orientações mínimas, absolutamente insuficientes, sobre o que fazer em sala de aula. Quando chegam à escola para lecionar, acabam se pautando pela tradição. O que guia suas mãos é a prática de quem os formou do jeito errado.

    Por que é tão importante ser alfabetizado?
    Telma: O domínio da leitura e da escrita está diretamente relacionado à progressão da escolaridade, que, por sua vez, está diretamente ligada à cidadania. O mundo do analfabeto é muito pequeno. Quem tem acesso a notícias apenas via televisão tem menos condições de exercer a cidadania, no sentido de conhecer direitos e deveres, do que quem lê jornais, revistas e livros. Sem falar na internet, o meio de comunicação mais avançado, que tornou novamente fundamental o conhecimento da escrita. A questão da cidadania passa pelo direito à informação e pela possibilidade de ter voz. E a voz, nesse caso, é a escrita.

    A questão chave, assim, é a cidadania?
    Telma: Sim, mas não é a única. Existe uma pressão social para aumentar e melhorar o acesso à educação. Há trinta anos era possível sobreviver no mundo do trabalho com um parco conhecimento da escrita. Quantas pessoas que não sabiam ler estavam à nossa volta, nessa época? E hoje? Viver sem ser alfabetizado é impossível num mundo em que os anúncios de emprego pedem faxineiro com Ensino Médio completo.

    Em quanto tempo o Brasil deve erradicar o analfabetismo?
    Telma: Duvido que alguém se arrisque a fazer uma previsão exata, por mais que o analfabetismo esteja acabando. Só digo que o meu sonho é viver o suficiente para ver um Brasil com taxas de analfabetismo semelhantes às da Europa e dos Estados Unidos.


    Psicogênese da Língua Escrita, Editora Artmed, (51) 330-3444, R$ 28,00
    Texto retirado na integra de: revistaescola.abril.com.br
    Denise Pelegrinno

    segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

    Por que ler é importante?



    Até o computador leria se soubesse a importância disso!

    Existem vários porquês da importância da leitura! Todo mundo sabe que ler é essencial, mas a maioria acha muito difícil! 

    Com o intuito de despertar seu interesse pela leitura, vejamos alguns motivos pelos quais você deva começar ou continuar a ler: 

    1. Entendimento:  uma boa leitura leva a pessoa ao entendimento de assuntos distintos. Afinal, o que é entender senão compreender, perceber. Como você saberá conversar sobre determinado tema se não tem percepção ou se não o compreende? 

    2. Cultura:  através da leitura temos possibilidade de ter contato com várias culturas diferentes. Sabemos como determinado povo se comporta, os motivos pelos quais agem de forma distinta da nossa. Além disso, compreendemos melhor o outro quando passamos a saber a história de vida que o cerca. Consequentemente, lidamos melhor com quem é diferente de nós e não temos uma opinião pobre e geral das circunstâncias. 

    3. Reflexivos:  lendo, nos tornamos reflexivos, ou seja, formamos uma ideia própria e madura dos fatos. Quando temos entendimento dos vários lados de uma mesma história, somos capazes de refletir e chegar a um consenso, que nos traz crescimento pessoal. 

    4. Conhecimento: através da leitura falamos e escrevemos melhor, sabemos o que aconteceu na nossa história, o porquê de nosso clima e do idioma que falamos, dentre muitas outras possibilidades.

    5. Leitura dinâmica: quem lê muito, começa a refletir mais rápido. Logo, adquire mais agilidade na leitura. Passa os olhos e já entende sobre o que o texto está falando, a opinião do escritor e a conclusão alcançada.

    6. Vocabulário: esse item é fato, pois quem lê tem um repertório de vocábulos muito mais avançado do que aquele que não possui essa prática.

    7. Escrita: com conhecimento, reflexão e vocabulário é óbvio que o indivíduo conseguirá desenvolver seu texto com muito mais destreza e facilidade. Quem lê, se expressa bem por meio da escrita.

    8. Diversão: sim, a leitura promove diversão, pois quem lê é levado a lugares que não poderia ir “com as próprias pernas”.

    9. Informação: através da leitura ficamos informados sobre o que acontece no mundo e na nossa região. A leitura informativa mais usual é o jornal impresso
    .


    Por Sabrina Vilarinho
    www.mundoeducacao.com.br