terça-feira, 19 de julho de 2016

A maior flor do mundo


Texto retìrado na íntegra de: deusmelivro.com
CRÍTICAMIL FOLHAS1

“A maior flor do mundo” | José Saramago

A obra de José Saramago não precisa de apresentações. Os seus romances são conhecidos e admirados em todo o mundo. Contudo, nem toda a gente conhece a sua herança na literatura infantil, onde a sua escrita singular e especial ganhou um novo registo e chegou a novos leitores.
A maior flor do mundo” (Porto Editora, 2014) foi o primeiro livro infantil de José Saramago, publicado originalmente em 2001. Nesta história, o escritor entra dentro do livro e transforma-se a si próprio em personagem, lançando questões importantes até sobre a sua capacidade de escrita. Saramago questiona-se se conseguiria, algum dia, escrever uma história para crianças, recorrendo à simplicidade da linguagem que essa literatura exige. E consegue mesmo.
Assim surge este jogo imaginativo entre autor e leitor chamado “A maior flor do mundo”, onde se conta a história de um menino que, cansado de brincar sempre nos mesmos locais da sua aldeia, decide um dia ir mais além, para lá do rio, subindo a encosta. No alto descobre, então, uma flor, murcha, caída e a precisar de ser salva. O menino inicia uma missão de salvamento, fechando as mãos em concha e indo e vindo entre o rio e a encosta para, pingo a pingo, regar a pequena flor. De murcha e caída, a flor passa a grande e colorida, servindo até de sombra para o menino, estafado, adormecer.
A história do menino que salva uma pequena flor e se torna um verdadeiro herói da aldeia tem, nesta primeira edição da Porto Editora, as suas ilustrações originais, criadas por João Caetano. O ilustrador, de origem moçambicana, recebeu em 2001 o Prémio Nacional de Ilustração pelo seu trabalho neste livro infantil escrito por Saramago.
Esta obra faz parte das Metas Curriculares para o 4º ano de escolaridade, mas José Saramago fecha-o com uma pergunta certeira, feita diretamente aos adultos: e se as histórias para crianças fossem obrigatórias para os adultos, seriam eles capazes de aprender realmente o que há tanto tempo têm andado a ensinar?

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