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segunda-feira, 6 de junho de 2016

Como fazer a equipe virar superequipe

O envolvimento de todos na tomada de decisões e o planejamento em conjunto uniu os professores em torno de objetivo.

Retirado de: gestão escolar
Espírito coletivo. Foto: Gustavo Lourenção
Espírito coletivo Marjorie (à esquerda)e a equipe gestora mantêm um diálogo constante com os docentes
Em 2008, quando me tornei coordenadora pedagógica, os professores e funcionários tinham um bom relacionamento entre si, mas não formavam uma equipe de verdade. Eles executavam - até com bastante propriedade - as tarefas que eram propostas. Contudo, não enxergavam a possibilidade nem a oportunidade de usar a própria experiência para ajudar os outros a resolver problemas. Faltava um pouco de auto confiança e também a cumplicidade e a compreensão necessárias para unir a todos em torno do único objetivo - que nunca deixou de ser o aprendizado dos alunos. Um professor, por exemplo, desconhecia o modo como os colegas que davam aula nas salas vizinhas solucionavam algumas questões didáticas e comportamentais semelhantes às que ele enfrentava diariamente. Não havia oportunidades para a troca de experiências e quem fazia formação externa dificilmente compartilhava os conteúdos aprendidos com o grupo. Os horários de planejamento e de avaliação eram realizados de forma individual.

Para nos transformarmos em uma equipe, era necessário mudar essa postura - e a iniciativa precisava vir da equipe gestora. Começamos definindo um objetivo comum, com base no princípio de que na escola tudo está relacionado ao pedagógico. Se falta um sifão na pia do banheiro, se o horário da merenda é alterado ou se ocorre um imprevisto que altera a rotina das crianças, a aprendizagem pode ficar comprometida. Logo, todos tínhamos de voltar os olhos e a atenção para tudo o que acontecesse na escola - e todos nos tornamos responsáveis pelos resultados.

Instituir mais reuniões foi um procedimento exitoso. Além das que fazemos para a capacitação e as horas de estudo coletivo, incluímos os encontros de planejamento, os de docentes do mesmo ano e um bimestral de Conselho de Ciclo.

Aos poucos, o espírito da coletividade passou a preponderar e foi contaminando também a forma de resolvermos os problemas. Agora os professores buscam a mim, à vice-diretora ou ao diretor para comunicar questões cotidianas - como um aluno que não enxerga a lousa ou falta muito - para buscar apoio e orientação. Quando o caso é simples, decidimos entre nós o que fazer. Porém, se for uma questão mais difícil, levamos o assunto para reuniões em que há a participação de outros educadores - e assim somamos visões e tomamos decisões pelas quais todos se responsabilizam. Todos têm voz nesses encontros, contudo, a decisão final é sempre do conjunto dos professores, justamente porque queremos que a responsabilidade sobre a tomada de decisões não recaia exclusivamente nos ombros de uma só pessoa. A experiência dos gestores é usada para dar sugestões e opinar - e nunca para impor caminhos.

Outro ponto que ajudou na formação de uma equipe de verdade foi o estímulo que demos aos docentes para eles interagirem mais. Para facilitar a socialização das práticas, propusemos que eles começassem a acompanhar as aulas de colegas enquanto os seus alunos estivessem na oficina de Arte ou na sala de Informática - programas curriculares que são desenvolvidos por monitores ou especialistas.

Outra iniciativa foi criar momentos para que o planejamento fosse pensado coletivamente. As sete professoras das séries iniciais, por exemplo, criaram o hábito de elaborar juntas a rotina semanal. Essa medida trouxe coesão ao grupo e ao planejamento e tem sido decisiva para alcançarmos uma das metas do nosso projeto político-pedagógico (PPP), que consiste em ter todos os alunos alfabetizados no 1° ano - o que temos conseguido há algum tempo.

Além de as formações internas terem se tornado mais frequentes, compartilhamos cursos, palestras e outros eventos feitos fora da escola. Atualmente, duas professoras estão se especializando no ensino de Música. A cada aula que assistem, elas preparam oficinas para socializar com os colegas o que aprendem com especialistas da área - e nós da equipe gestora participamos também.

Hoje, esse espírito coletivo é um componente incorporado à rotina e ao ambiente escolar. Com o trabalho em equipe, conseguimos criar uma relação na qual as eventuais deficiências são solucionadas antes que os problemas afetem a aprendizagem dos alunos.
Marjorie Samira Ferreira Bolognani é coordenadora pedagógica da EMEB Glória da Silva Rocha Genovese, em Jundiaí, SP.

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