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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Brincar e sentir-se parte de uma comunidade são essenciais para a aprendizagem das crianças


 Retirado na integra de: http://portal.aprendiz.uol.com.br/  
As crianças de hoje não têm tempo, espaço e permissão para brincar livremente. Seus lugares são controlados, as horas escolares cresceram e a organização das cidades desfez laços comunitários, tornando o espaço público inacessível e perigoso. Tudo isso tem profundos impactos no aprendizado e no desenvolvimento das pessoas. Essa é a opinião do psicólogo evolucionista Peter Gray, autor do livro Free to Learn (Livres para aprender, em tradução livre), que concedeu entrevista ao Portal Aprendiz.
Gray defende, em palestra no TEDx, que quanto mais desenvolvido o cérebro de um mamífero, maior a quantidade de tempo que seus filhotes passam brincando. Pesquisas mostram que animais privados de contato social no desenvolvimento tornam-se arredios e assustados e não têm resposta para lidar com as ameaças.
Com as nossas crianças, isso é ainda mais acentuado. Para exemplificar seu ponto, Gray lembra de pesquisas de antropólogos com etnias que ainda vivem de maneira próxima aos caçadores-coletores. Nelas, as crianças e adolescentes têm garantido o direito de brincar da manhã até o anoitecer. Fazem isso livremente e contando com o apoio de inúmeros adultos, desenvolvendo habilidades e traços sociais importantes. Apresentam comportamentos cooperativos e uma saúde vívida.
A publicação “The Case For Play” (A Defesa Do Brincar, em tradução livre), da ONG australiana Playground Ideas, trouxe uma compilação de dados sobre a importância do brincar no aprendizado. Segundo o estudo, os benefícios econômicos e sociais de uma abordagem amigável ao brincar em um programa de pré-escola foram de 244,812 dólares retornados ao longo de 40 anos para um investimento 15,166 dólares por participante. Além disso, diversas pesquisas ilustram que os efeitos de brincar desde cedo ajudam a desenvolver alfabetização, leitura, familiaridade com números, criatividade.
A cartilha continua citando estudos longitudinais – feitos ao longo de até quarenta anos -, para ilustrar a importância do investimento em políticas de primeira infância.
“O “The Jamaica Study”, mostrou que crianças que tiveram estímulo ao brincar desde cedo se desenvolvem melhor. O estudo acompanhou crianças que sofriam de desnutrição e viviam em comunidades vulneráveis. Elas passaram a receber, por dois anos, duas visitas lúdicas semanais. Vinte anos depois, os jovens que receberam esse cuidado tiveram salários 42% maiores, desenvolvimento cognitivo superior, habilidades psicossociais desenvolvidas e menor ansiedade e depressão. Outra pesquisa, feita em escolas primárias, mostrou que, quando uma metodologia lúdica é aplicada desde cedo, os adultos apresentam maior escolaridade – foi registrado um aumento de 44% no ensino médio e 17% no nível universitário.”

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